OS EGÍPCIOS FORAM OS PAIS DA MEDICINA?
Você é médico, ponha de lado
aquele seu livrinho com o juramento de Hipocrates e aprenda a traduzir
hieróglifos. Egiptológos da universidade de Manchester, na Inglaterra, querem
destronar o grego conhecido como o pai da medicina e esperam coroar os sábios
do Nilo, que o precederam em 1000 anos.Para tanto eles se baseiam no conteúdo
dos papiros que ditam substancias e formulas usadas até hoje na medicina. Na
lista datada do século 19 a.C. encontram-se produtos farmacêuticos como é
mel,resinas e alguns metais conhecidos como antibióticos para o tratamento de
feridas. Laxantes poderosos a base de óleo de mamona também constavam da
lista,assim como fármacos naturais e eficazes contra cólicas, artrite e vermes.
O importante é que isso indica que os egípcios tinham conhecimento da relação
de causa e efeito de cada produto que aplicavam a chamada ciência da farmacêutica,
que visa a cura pela mudança interna do corpo ativada por meio de substancias
terapêuticas. Em outras palavras, quase mil e quinhentos anos antes do esforço
de racionalização e sistematização ocorrido na Grécia a civilização egípcia já
se aproximava de uma relação quase cientifica com o corpo humano, mesmo sob uma
pratica bastante ritualizada.
A simbologia única da maçonaria nas lendas maçônicas que se referem a imortalidade da alma, dá-se destaque a antiga mesopotâmia e o culto ao Deus Dumuzi, qual é o símbolo da imortalidade do espírito e da eternidade. A civilização do Antigo Egipto estendeu-se por um longo período de quase 3 milênios, constituindo um dos exemplos mais interessantes das chamadas culturas pré tecnológicas arcaicas.
Dumuzi e Inana |
A simbologia única da maçonaria nas lendas maçônicas que se referem a imortalidade da alma, dá-se destaque a antiga mesopotâmia e o culto ao Deus Dumuzi, qual é o símbolo da imortalidade do espírito e da eternidade. A civilização do Antigo Egipto estendeu-se por um longo período de quase 3 milênios, constituindo um dos exemplos mais interessantes das chamadas culturas pré tecnológicas arcaicas.
As principais fontes de informação
acerca da atividade médica chega-nos através dos rolos de papiros. Existem 14
rolos de papiros médicos, em diferentes estados de conservação,a maior parte
correspondendo ao Império Médio(2050-1800 anos AC), mas contendo referências ao
Império Antigo (2700-2185 anos AC). Partindo da crença segundo a qual a doença
resultava do efeito de um espírito maligno sobre o corpo – pelo que qualquer
tratamento médico não podia senão diminuir os sintomas, ficando a doença apenas
curada quando o demônio deixasse o corpo do doente – aos poucos o pensamento médico
foi progredindo, tendo o exorcismo ficado cada vez mais reservado para casos
verdadeiramente desesperantes. Este movimento, do mágico para o empírico, parece
resultar das práticas de dissecação, a partir das quais vão crescendo os
conhecimentos anatômicos e com eles o conhecimento sobre o diagnóstico. Apesar
de haver, naquela época, uma compreensão muito avançada sobre a circulação
sanguínea e sobre o papel do coração, não deixava de reinar a crença que o
pensamento se localizava no coração e se nutria do corpo. Os antigos egípcios
desenvolveram, pois, uma amalgama entre a medicina empírica e a medicina
mágica. A farmacologia do antigo Egito constituía uma grande parte da medicina
da época, como se pode ver pelo chamado papiro farmacológico de Ebres. Com uma
grande auréola mística, cada receita envolvia uma complexa preparação de
medicamentos, em que os compostos provinham do reino mineral, vegetal, animal
ou de substancias provindas de combinações das três origens. Encontra-se, nesse
papiro, diversos remédios contra o cancro, as doenças de pele, as perturbações
ginecológicas e até, mesmo, para tratamento das sequelas do abortamento. Uma vez
por outra a tradução dos textos esbarra com a intransponível dificuldade de se
desconheceremos termos técnicos de zoologia e botânica da antiga língua
egípcia. Outras vezes, o próprio médico que A Medicina em História.
A Medicina egípcia ditou a
receita não foi exato.
A erva se-nutet(desconhecida pelos historiadores e botânicos) é trepadeira, como a planta gadet (também desconhecida)e tem flores semelhantes às do lótus", diz um dos textos.Mesmo para os que conhecessem a planta gadet, a descrição pareceria muito vaga.Figura (de cima para baixo)A deusa Sekhmet, protetora dos médicos. (Museu Egípcio, em Turim).Coluna gravada em hierático,do papiro médico de Edwin-Smith (Séc.XVII AC – Soc. Histórica de New York).Um dos quatro vasos chamados “canópicos”, nos quais eram depositadas as vísceras do morto, depois de embalsamadas (XXVI Dinastia, 663-525 AC – expostos no Museu Egípcio, Turim).54VOLUME III, Nº3. MAIO/JUNHO 2001 Leituras.
Mas, noutros preceitos, a terapêutica é eficaz e racional, como nos casos em que o médico recomenda inalações de vapor: "Pega em sete pedras e fá-las aquecer ao fogo; pega numa e lança sobre ela um pouco do medicamento; fecha-a num vaso novo, com o fundo furado. No furo. aplica um tubo, do qual aproximarás tua boca, de modo a inspirar o vapor que sai. Repete a operação com todas as outras pedras. "Existe, por exemplo, o conselho de dar sementes de papoula ao latente nervoso e com insônias, que revela conhecimento empírico exato e profundo.
A erva se-nutet(desconhecida pelos historiadores e botânicos) é trepadeira, como a planta gadet (também desconhecida)e tem flores semelhantes às do lótus", diz um dos textos.Mesmo para os que conhecessem a planta gadet, a descrição pareceria muito vaga.Figura (de cima para baixo)A deusa Sekhmet, protetora dos médicos. (Museu Egípcio, em Turim).Coluna gravada em hierático,do papiro médico de Edwin-Smith (Séc.XVII AC – Soc. Histórica de New York).Um dos quatro vasos chamados “canópicos”, nos quais eram depositadas as vísceras do morto, depois de embalsamadas (XXVI Dinastia, 663-525 AC – expostos no Museu Egípcio, Turim).54VOLUME III, Nº3. MAIO/JUNHO 2001 Leituras.
Mas, noutros preceitos, a terapêutica é eficaz e racional, como nos casos em que o médico recomenda inalações de vapor: "Pega em sete pedras e fá-las aquecer ao fogo; pega numa e lança sobre ela um pouco do medicamento; fecha-a num vaso novo, com o fundo furado. No furo. aplica um tubo, do qual aproximarás tua boca, de modo a inspirar o vapor que sai. Repete a operação com todas as outras pedras. "Existe, por exemplo, o conselho de dar sementes de papoula ao latente nervoso e com insônias, que revela conhecimento empírico exato e profundo.
Mesmo hoje, para lactentes
inquietos e que apresentem sintomas de cólicas intestinais, são, por vezes,
recomendados medicamentos derivados da papaverina, substancia extraída da papoula
é dotada de propriedades calmantes e antiespasmódicas. Outro conselho digno de
menção e também para as mães da época:untar o bebê com gordura de gato para que
os ratos não o molestem durante o sono. Embora não se revele muito pratico,
para o observador moderno, o preceito talvez fosse importante numa região
infestada por ratos famintos e transmissores de moléstias. Quanto à eficácia da
gordura de gato, certamente o médico egípcio se fiava na proverbial e milenar
repulsa que o cheiro de gato inspira aos ratos. Um remédio que apresentava um
uso muito divulgado era o mel, o qual era incluído na maior parte das
preparações medicamentosas. O mel, para além das qualidades nutritivas,
assegurava um meio fácil de administrar as ervas e outros preparados pelo seu
agradável sabor.Há também indicadores da existência de uma proto-cirurgia no
antigo Egito que incluía a analgesia e a sedação, a incisão, trepanação, a
proto cirurgiados traumatismos e a antisepsis. Já no que respeita às observações
empíricas referentes a doenças ou disfunções do sistema nervoso, muito embora
poucas, parecem ser aprofundadas. Por exemplo, os tratamentos para as
enxaquecas ocupam um longo capítulo do único papiro de Ebers completo e melhor
preservado. A demência, as convulsões e a tétania foram mencionadas ao de leve
em diferentes papiros. Com as descrições clínicas detalhadas dos traumatismos cranianos
e vertebrais apresentadas nos papiros de Edwin Smith, a neurologia do Egito
faraônico atinge a sua maior importância. Este papiro, oriundo séc. XVII AC,
foi publicado em 1930, com tradução de James Henry.
Concebido na Idade das
Pirâmides (3000-25000 anos AC),para além de ser um documento sobre a ética
médica daquele tempo,contém as menções mais antigas na literatura oriental
sobre o cérebro, as meninges e os traumatismos cervico-basilares. Num estilo de
simplicidade cativante, clareza indiscutível e eficiência bastante razoável, o
papiro de Edwìn-Smith enumera conselhos sobre ferimentos e fraturas dos mais variados
Vejamos, por exemplo, as instruções para um ferimento na região temporal:
cure-se um homem ferido na têmpora e com um ferimento não aberto; mas se atinge
o osso, deverá ser examinada a própria ferida. E se for encontrado o osso
temporal ileso, então pode-se dizer a respeito desse caso: tem uma feridana
têmpora, é um mal que posso curar. Fá-lo, no primeiro dia com carne fresca, depois
trata-o com um unguento e mel, até à cura completa."A avaliação da própria
competência por parte do médico ("é um mal que posso curar"), bem
como sua confissão de incapacidade nos casos irremediáveis, aparece
repetidamente, como que a dar ênfase a um princípio ético a ser observado pelo
médico.Porém, não nos esqueçamos que, não obstante as surpresas neles
contidas,os documentos que descrevem atividades médicas no antigo Egito também
indicam a superficialidade de certos conhecimentos relativos à anatomia e à
fisiologia humanas. O vocabulário relativo à anatomia externa era vasto e
particularizado, mas o que se referia a órgãos internos era desproporcionalmente
limitado.
A representação hieroglífica
de órgãos internos humanos quase sempre é a de órgãos de animais. Da anatomia interna,
o médico egípcio conhecia apenas os ossos, alguns órgãos fundamentais como o
coração, o fígado, o estômago, os pulmões, os intestinos e a bexiga. Mas não
distinguia músculos de nervos, nem artérias de veias, embora soubesse que o
sistema vascular é governado pelo coração. Contrastando com a natureza
rudimentar desses conhecimentos,o médico egípcio provavelmente possuía o
conhecimento das propriedades medicinais de certas substâncias, especialmente
vegetais, como dá a entender o conselho relativo às sementes de papoula. No
entanto,devemos ser muito cautelosos quanto à eficácia desses
tratamentos.Apesar da argúcia e da experiência da medicina egípcia, a terrível desordem
em que se dispõem os textos dos papiros de Ebers e Edwin-Smith dão a entender
que os conhecimentos ainda estavam longe de constituir um sistema científico. A
existência de tratados práticos com pouca explicação sobre a patologia
subjacente ou com explicações de teor mágico (por exemplo, uma teoria primitiva
do fluxo de humores, envolvendo o fluxo de diferentes entidades malignas)
insere esta prática médica mais num sistema mágico e religioso do que num sistema
empírico, ainda que rudimentar. Nem mesmo a abundante farmacologia egípcia
chegou a estruturar-se de modo sistemático, o que lhe teria dado melhores
condições de desenvolvimento.
Já no tempo de Pitágoras e de Platão, o
conhecimento, deturpado quanto aos sacerdotes e nos seus mistérios, só
subsistia entre raros iniciados. As descobertas científicas certamente
tornaram nulos os segredos dos Grandes Antepassados, mas a principal causa da
degradação dos tempos atuais provêm da direção diabólica que se imprimiu ao
nosso modo de civilização. Se existem ainda guias no invisível ou em
santuários ignorados, o homem do século XX está no direito de duvidar de seu
poder total. E quanto ao iniciado, qual é o seu papel nessa aventura? Que
forças irrisórias espera ele atirar para o meio duma refrega em que combatentes
não se apercebem de sua presença? O seu papel não será, mais do que
sempre, manifestar-se , falar? É bem evidente que o Conhecedor tem o
imperioso dever de revelar tudo o que pode ser útil aos seus
contemporâneos. Foi por essa razão que Pitágoras quis iniciar-se nas
práticas dos Asclepíades, a fim de conhecer os medicamentos e os métodos de
cura que esses sacerdotes curandeiros, caídos no empirismo, escondiam e
deterioravam sob o véu da transmissão por ritos. Da mesma forma, em 460
a.C., Hiócrates arrancou a ciência do corpo humano aos sacerdotes e aos
santuários para torna-la patrimônio de todos. O juramento de Hipócrates nada
tem a ver com o mistério que se gostam de rodear os charlatães.
O que exigia dos seus discípulos era o seguinte:
((Juro considerar como meu pai aquele que me iniciou na medicina; como
meus filhos, os seus filhos e os seus condiscípulos; não me deixar seduzir por
preço algum para praticar envenenamentos e abortamentos; evitar suspeitas ao
tratar das mulheres; conservar o silêncio mais absoluto quanto ao segredo das
famílias; tornar-se digno da estima geral.))
Como se pode ver, a medicina é a única ciência onde se encontra mencionada a palavra(iniciado), e onde, por outro lado, são regra o juramento, a transmissão do conhecimento, o sentido moral e a proteção biológica da espécie. É fora de dúvida que a medicina seja um dos principais rumos da iniciação, se não o primeiro.
Como se pode ver, a medicina é a única ciência onde se encontra mencionada a palavra(iniciado), e onde, por outro lado, são regra o juramento, a transmissão do conhecimento, o sentido moral e a proteção biológica da espécie. É fora de dúvida que a medicina seja um dos principais rumos da iniciação, se não o primeiro.
FONTE? TRECHO DO LIVRO DO MISTERIOSO DESCONHECIDO, ROBERT CHARROUX
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