Ao largo de uma ilha – pescadores de esponjas do Dodecaneso retiraram do mar, no domingo de Páscoa de 1901, um salmão de metal esverdeado e restos de estatuas e vasos. Tinham assim acabado de fazer uma das mais extraordinárias descobertas arqueológicas do século. A ilha era Antikithira, entre Cítera e Creta. Examinado pelos arqueólogos, minuciosamente despojado do seu revestimento de coral e calcário, o magma de metal verde revelou uma surpreendente arquitetura de engrenagens, rodas, balanceiros, eixos, tambores excêntricos e ponteiros delicadamente trabalhados, alojados numa caixa provida de três mostradores. - É um relógio! – exclamam os arqueólogos – Estava numa antiga galera. Impossível – retorquiram os membros de uma conjuração de ceticismo – É perfeita de mais para vir da antiguidade! Seria o mesmo que dizer que Péricles via as horas em um relógio de pulso! Mas a realidade era mais extraordinária ainda, como o provaram as períci...