OS EXILADOS DA CAPELA





EDGARD ARMOND

















Os Exilados da Capela Edgard Armond
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OS EXILADOS DA CAPELA
EDGARD ARMOND
Orelha
Os Exilados da Capela é uma das
obras de Edgard Armond que trata de
forma abrangente a evolução espiritual
da humanidade terrestre segundo
tradições proféticas e religiosas,
apoiadas em considerações de natureza
histórica e científica.
Além desta obra, que já é um
best seller, o autor nos legou ainda
Almas Afins e Na Cortina do Tempo,
que compõem uma trilogia sobre os
caminhos da humanidade, além de
diversas outras obras de conhecimentos
doutrinários.
Algumas estavam relativamente
esquecidas ou sem condições de serem
editadas, apesar de seu grande valor.
Com satisfação, a Editora
Aliança reúne agora todas elas numa
coletânea denominada Série Edgard
Armond.
O leitor ávido de conhecimentos
certamente irá apreciá-la, enriquecendo
significativamente sua vivência
espiritual.


EDGARD ARMOND

Os Exilados da Capela Edgard Armond


OS EXILADOS DA CAPELA 

Muitas vezes, em momentos de meditação, vieram-nos à mente interrogações
referentes às permutas e migrações periódicas de populações entre os orbes e, no que diz
respeito à Terra, às ligações que, porventura, teria tido uma dessas imigrações - a dos
habitantes da Capela - com a crença universal planetária do Messias, bem como com seu
advento, ocorrido na Palestina.
A resposta a estas perguntas íntimas aqui está, em parte, contida, segundo um dado
ponto de vista.
É o argumento central desta obra, escrita sem nenhuma pretensão subalterna, mas
unicamente para satisfazer o desejo, tão natural, de quem investiga a Verdade, de auxiliar a
tarefa daqueles que se esforçaram no mesmo sentido.
Nada há aqui que tenha valor em si mesmo, quanto à autoria do trabalho, salvo o
esforço de coligir e comentar, de forma, aliás, muito pouco ortodoxa, dados esparsos e
complementares, existentes aqui e ali, para com eles erigir esta síntese espiritual da
evolução do homem planetário.

O Autor
OS EXILADOS DA CAPELA
EIS O ASTRO BENIGNO,
O LUMINOSO MUNDO...
O PARAÍSO DOS NOSSOS SONHOS,
QUE PERDEMOS, TALVEZ, PARA SEMPRE...
Os Exilados da Capela Edgard Armond
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I - A CONSTELAÇÃO DO COCHEIRO

- “Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em seus estudos,
observa-se, desenhada, uma grande estrela na Constelação do Cocheiro que recebeu, na
Terra, o nome de Cabra ou Capela”.
“Magnífico Sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo
Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos, cantando as glórias
divinas do Ilimitado." (A Caminho da Luz, Emmanuel, cap. III)
A Constelação do Cocheiro é formada por um grupo de estrelas de várias grandezas,
entre as quais se inclui a Capela, de primeira grandeza, que, por isso mesmo, é a alfa da
constelação. (Fig. 1)
Capela é uma estrela inúmeras vezes maior que o nosso Sol e, se este fosse colocado
em seu lugar, mal seria percebido por nós, à vista desarmada.
Dista da Terra cerca de 45 anos-luz, distância esta que, em quilômetros, se
representa pelo número de 4.257 seguido de 11 zeros.
Na abóbada celeste Capela está situada no hemisfério boreal, limitada pelas
constelações da Girafa, Perseu e Lince: e, quanto ao Zodíaco, sua posição é entre Gêminis e
Tauro.
Conhecida desde a mais remota antigüidade, Capela é uma estrela gasosa, segundo
afirma o célebre astrônomo e físico inglês Arthur Stanley Eddington (1882-1944), e de
matéria tão fluídica que sua densidade pode ser confundida com a do ar que respiramos.
Sua cor é amarela, o que demonstra ser um Sol em plena juventude, e, como um
Sol, deve ser habitada por uma humanidade bastante evoluída.
* ver O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, perg.188. (Nota da Editora)
Os Exilados da Capela Edgard Armond
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II - AS REVELAÇÕES ESPÍRITAS
A Doutrina Espírita é, realmente, uma fonte de ensinamentos, não só no que respeita
à imortalidade da alma e suas reencarnações periódicas; às condições de vida nos planos
invisíveis, que apresenta com detalhes jamais revelados; ao conhecimento do Ego e das
hierarquias espirituais; às sutilíssimas intercorrências cármicas; ao intercâmbio dos seres
habitantes dos diferentes mundos e os processos mediante os quais se opera, como também
ao complexo e infinito panorama da vida cósmica que, como uma imensa fonte, escachoa e
turbilhona no eterno transformismo que caracteriza e obriga a evolução de seres e de coisas.
Tudo isto, em verdade, pode ser também encontrado, de forma mais ou menos clara
ou velada, nos códigos religiosos ou nas filosofias que o homem vem criando ou adotando,
no transcurso do tempo, como resultado de sua ânsia de saber e necessidade imperativa de
sua alma, sedenta sempre de verdades.
Tudo tem sido revelado, gradativamente, em partes, pelo Mestre Divino ou pelos
missionários que Ele tem enviado, de tempos a tempos, ao nosso orbe, para auxiliar o
homem no seu esforço evolutivo, revelações essas que se dilataram enormemente e
culminaram com os ensinamentos de Sua boca e a exemplificação de Sua vida, quando aqui
desceu, pela última vez, neste mundo de misérias e maldades, para redimi-lo:
- "Sobre os que habitavam a terra de sombra e de morte resplandeceu uma luz." (Is,
9:2)
*
Por outro lado, a ciência materialista estudando as células, comparando os tipos,
escavando a terra e devassando os céus tem conseguido estabelecer uma série de
conclusões inteligentes e justas, de seu ponto de vista, para explicar as coisas, compreender
a vida e definir o homem.
Porém, somente em nossos dias, pela palavra autorizada dos Espíritos do plano
invisível, que vieram tornar realidade, no momento preciso, as promessas do Paracleto, é
que, então, a revelação se alargou, com clareza e detalhes, à medida que nossos Espíritos,
tardos ainda e imperfeitos, têm sido capazes de comportá-la.
Cumpre-se, assim, linha por linha, a misericordiosa promessa do Cristo, de nos
orientar e esclarecer, quando disse:
- "Eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para
sempre: o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber porque não o vê nem o
conhece, mas vós o conheceis porque habita convosco e estará em vós. (Jo, 14:16-17)
-Ainda um pouco e o mundo não me verá mais, porém vós me vereis: porque eu
vivo e vós vivereis, (Jo,14:19).
- Não vos deixarei órfãos: voltarei para vós. - Ainda tenho muitas coisas para vos
dizer, mas não as podeis suportar, agora. Porém, quando vier aquele Espírito de Verdade,
ele vos ensinará todas as coisas e vos guiará em toda a verdade." (Jo, 14:18; 16:12-13)
*
Sim, não nos deixaria órfãos e, realmente, não nos tem deixado.
Já é grande e precioso o acervo de verdades de caráter geral que nos tem sido
trazido, principalmente após o advento da Terceira Revelação pela mediunidade e,
sobretudo, nos terrenos da moral e das revelações espirituais entre os mundos; porém, é
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necessário também que se diga que nesse outro setor, mais transcendente, dos
conhecimentos cósmicos, um imenso horizonte ainda está escondido por detrás da cortina
do "ainda é cedo" e, somente com o tempo e com a ascensão na escada evolutiva, poderá o
homem desvendar os apaixonantes e misteriosos arcanos da criação divina.
*
Emmanuel -um desses Espíritos de Verdade - vem se esforçando, de algum tempo a
esta parte, em auxiliar a humanidade nesse sentido, levantando discretamente e com auxílio
de outros benfeitores autorizados, novos campos da penetração espiritual, para que o
homem deste fim de ciclo realize um esforço maior de ascensão e se prepare melhor para os
novos embates do futuro no mundo renovado do Terceiro Milênio que tão rapidamente se
aproxima.
*
Assim, sabemos agora que esta humanidade atual foi constituída, em seus
primórdios, por duas categorias de homens, a saber: uma retardada, que veio evoluindo
lentamente, através das formas rudimentares da vida terrena, pela seleção natural das
espécies, ascendendo trabalhosamente da Inconsciência para o Instinto e deste para a
Razão; homens, vamos dizer autóctones, componentes das raças primitivas das quais os
"primatas" foram o tipo anterior mais bem definido; e outra categoria, composta de seres
mais evoluídos e dominantes, que constituíram as levas exiladas da Capela (2), o belo orbe
da constelação do Cocheiro a que já nos referimos, além dos inumeráveis sistemas
planetários que formam a portentosa, inconcebível e infinita criação universal.
Esses milhões de advenas para aqui transferidos, em época impossível de ser agora
determinada, eram detentores de conhecimentos mais amplos e de entendimentos mais
dilatados, em relação aos habitantes da Terra, e foram o elemento novo que arrastou a
humanidade animalizada daqueles tempos para novos campos de atividade construtiva, para
a prática da vida social e, sobretudo, deu-lhe as primeiras noções de espiritualidade e do
conhecimento de uma divindade criadora.
Mestres, condutores, líderes, que então se tornaram das tribos humanas primitivas,
foram eles, os Exilados, que definiram os novos rumos que a civilização tomou, conquanto
sem completo êxito.
(2) Há, também, notícias de que, em outras épocas, desceram à Terra instrutores
vindos de Vênus.
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III - OS TRÊS CICLOS
Para melhor metodização do estudo que vamos fazer, deste tão singular e
interessante assunto, julgamos aconselhável dividir a história da vida humana, na Terra, em
três períodos ou ciclos que, muito embora diferentes das classificações oficiais, nem por
isso, todavia, representam discordância em relação a elas; adotamos uma divisão arbitrária,
unicamente por conveniência didática, segundo um ponto de vista todo pessoal.
É a seguinte:
1º Ciclo:
Começa no ponto em que os Prepostos do Cristo, já havendo determinado os tipos
dos seres dos três reinos inferiores e terminado as experimentações fundamentais para a
criação do até hoje misterioso tipo de transição entre os reinos animal e humano,
apresentaram, como espécime-padrão, adequado às condições de vida no planeta, esta
forma corporal crucífera, símbolo da evolução pelo sofrimento que, aliás, com ligeiras
modificações, se reflete no sistema sideral de que fazemos parte e até onde se estende a
autoridade espiritual de Jesus Cristo, o sublime arquiteto e divino diretor planetário.
O ciclo prossegue com a evolução, no astral do planeta, dos espíritos que formaram
a Primeira Raça-Mãe; depois com a encarnação dos homens primitivos na Segunda RaçaMãe,
suas sucessivas gerações e selecionamentos periódicos para aperfeiçoamentos
etnográficos: na terceira e na quarta, com a migração de espíritos vindos da Capela;
corrupção moral subseqüente e expurgo da Terra com os cataclismos que a tradição
espiritual registra.
2º Ciclo:
Inicia-se com as massas sobreviventes desses cataclismos; atravessa toda a fase
consumida com a formação de novas e mais adiantadas sociedades humanas e termina com
a vinda do Messias Redentor.
3º Ciclo:
Começa no Gólgota, com o último ato do sacrifício do Divino Mestre, e vem até
nossos dias, devendo encerrar-se com o advento do Terceiro Milênio, em pleno Aquário,
quando a humanidade sofrerá novo expurgo-que é o predito por Jesus, nos seus
ensinamentos, anunciado desde antes pelos profetas hebreus, simbolizado por João, no
Apocalipse, e confirmado pelos emissários da Terceira Revelação - época em que se
iniciará, na Terra, um período de vida moral mais perfeito, para tornar realidade os
ensinamentos contidos nos evangelhos cristãos.
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IV - NO TEMPO DOS PRIMEIROS HOMENS
Hoje, não mais se ignora que os seres vivos, suas formas, estrutura, funcionamento
orgânico e vida psíquica, longe de serem efeitos sobrenaturais ou fruto de acasos, resultam
de estudos, observações e experimentações de longa duração, realizados por entidades
espirituais de elevada hierarquia, colaboradoras diretas do Senhor, na formação e no
funcionamento regular, sábio e metódico, da criação divina.
O princípio de todas as coisas e seres é o pensamento divino que, no ato da emissão
e por virtude própria, se transforma em leis vivas, imutáveis, permanentes.
Entidades realmente divinas, como intérpretes, ou melhor, executoras dos
pensamentos do Criador, utilizam-se do Verbo - que é o pensamento fora de Deus - e pelo
Verbo plasmam o pensamento na matéria; a força do Verbo, dentro das leis, age sobre a
matéria, condensando-a, criando formas, arcabouços, para as manifestações individuais da
vida.
O pensamento divino só pode ser plasmado pela ação dinâmica do Verbo, e este só
pode ser emitido por entidades espirituais individualizadas - o que o Absoluto não é -
intermediários existentes fora do plano Absoluto, mas que possuam força e poder, para agir
no campo da criação universal.
Assim, quando o pensamento divino é manifestado pelo Verbo, ele se plasma na
matéria fundamental, pela força da mesma enunciação, dando nascimento à forma, à
criação visível, aparencial.
* Ver O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, perfis. 27 e 27-a. (Nota da Editora)
Sem o Verbo não há essa criação, porque ela, não se concretizando na forma, é
como se não existisse; permaneceria como pensamento divino irrevelado, no campo da
existência abstrata.
Ora, para a criação da Terra o Verbo foi e é o Cristo.
Paulo, em sua epístola aos Efésios, 3:9, diz: "Deus, por Jesus Cristo, criou todas as
coisas."
E João Evangelista muito bem esclareceu:
- "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus."
(Jo,1:1)
Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele, nada do que foi feito se fez."
(Jo,1:3)
Por isso é que o Divino Mestre disse:
"Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vai ao Pai senão por mim."
(Jo,14:6)
*
, Assim, pois, formam-se os mundos, seres e coisas, tudo pela força do Verbo, que
traduz o pensamento criador, segundo as leis que esse mesmo pensamento encerra.
Noutras palavras:
O Absoluto, pelo pensamento, cria a vida e as leis, e entidades espirituais do plano
divino, pela força do Verbo, plasmam a criação na matéria, dão forma e estrutura a todas as
coisas e seres e presidem sua evolução na Eternidade.
Os Exilados da Capela Edgard Armond
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Na Gênese cósmica no que se refere à Terra, a ação do Verbo traduziu o
pensamento criador, a seu tempo, na constituição de uma forma globular fluídica emanada
do Sol central que veio situar-se, no devido ponto do sistema planetário, como novo recurso
de manifestações de vida para seres em evolução.
Ao seu redor, circundando a Terra formou-se uma camada fluídica, de teor mais
elevado, destinada a servir-lhe de limitação e proteção, como também de matriz astral para
a elaboração das formas vivas destinadas a evoluir nesse mundo em formação.
Nessa camada se continham os germes dos seres, conforme foram concebidos pelos
Espíritos Criadores das Formas, representando tipos-padrões, fluidicamente plasmados para
futuros desenvolvimentos.
E, com o tempo, progredindo a condensação da forma globular, segundo as leis que
regem a criação universal, os gases internos emanados do núcleo central subiam à periferia
do conjunto, onde eram contidos pela camada protetora, e daí, condensados pelo
resfriamento natural, caíam novamente sobre o núcleo, em forma líquida, trazendo,
contudo, em suas malhas (se assim podemos dizer) os germes de vida ali existentes.
Esses germes, assim veiculados, espalharam-se pela superfície do globo em
formação, aguardando oportunidade de desenvolvimento; e quando, após inúmeras
repetições desse processo de intercâmbio, a periferia do globo ofereceu, finalmente,
condições favoráveis de consistência, umidade e temperatura, nela surgiu a matéria
orgânica primordial - o protoplasma - que permitiu a eclosão da vida, com a proliferação
dos germes já existentes, bem como espíritos humanos em condições primárias involutivas
- mônadas - aptas ao início da trabalhosa escalada evolutiva na matéria, e outros germes
que, segundo a cronologia dos reinos, deveriam, no futuro, também manifestar-se.
*
Os seres vivos da Terra, com as formas que lhes foram atribuídas pelo Verbo e seus
Prepostos, apareceram no globo há centenas de milhões de anos; primeiro nas águas, depois
na terra; primeiro os vegetais, depois os animais, todos evoluindo até seus tipos mais
aperfeiçoados.
Segundo pesquisas e conclusões da ciência oficial, a Terra tem dois bilhões de anos
de existência, tendo vivido um bilhão de anos em processo de ebulição e resfriamento, após
o que e, somente então, surgiram os primeiros seres dotados de vida.
Até Louis Pasteur (1822-1895), químico e biólogo francês, a opinião fume dos
cientistas sobre a origem dos seres, era a teoria da geração espontânea, segundo a qual os
seres nascem espontânea e exclusivamente de substâncias materiais naturais como, por
exemplo, larvas e micróbios nascendo de elementos em decomposição.
Com as pesquisas e conclusões deste eminente sábio francês o conhecimento se
modificou e ficou provado que os germes nascem uns dos outros, não tendo valor científico
a suposição da geração espontânea, conquanto o problema continuava ainda de pé em
relação ao primeiro ser, do qual os demais se geraram.
Em 1953 o bioquímico americano Wendell Meredith Stanley (1904-1971) isolou
um micróbio incomparavelmente mais primitivo que qualquer dos demais conhecidos até
então, e que se reproduzia, mesmo depois de submetido ao processo de cristalização.
Como, até então, nenhum ser vivo pudera ser cristalizado e continuar a viver, daí se
concluiu que o ser em questão era um intermediário entre a matéria inerte e a matéria
animada pela vida; admitiram os pesquisadores que esse fato veio preencher a grande
Os Exilados da Capela Edgard Armond
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lacuna existente entre os seres vivos mais atrasados e as mais complexas substâncias
orgânicas inanimadas como, por exemplo, as proteínas.
Esse ser seria então, academicamente falando, o ponto de partida para as gerações
dos seres vivos existentes na Terra, os quais, há um bilhão e meio de anos, vêm evoluindo
sem cessar, aperfeiçoando as espécies e suas atividades específicas.
*
Nesses primórdios da evolução humana, e no ápice do reino animal, estavam os
símios, muito parecidos com os homens, porém, ainda animais, sem aquilo que, justamente,
distingue o homem do animal, a saber: a inteligência.
Deste ponto em diante, por mais que investigasse, a ciência não conseguiu localizar
um tipo intermediário de transição, bem definido entre o animal e o homem.
Descobriu fósseis de outros reinos e pôde classifica-los, mas nada obteve sobre o
tipo de transição para o homem; todo o esforço se reduziu na exumação de dois ou três
crânios encontrados algures e que foram aceitos, a título precário, como pertencentes a esse
tipo desconhecido e misterioso a que nos estamos referindo.
Realmente, em várias partes do mundo, foram descobertos restos de seres que, após
exames acurados, foram aceitos como pertencentes a antepassados do homem atual.
Segundo a ciência oficial, quando o clima da Terra se amenizou, em princípios do
Mioceno (uma das quatro grandes divisões da Era Terciária, isto é, o período geológico que
antecedeu o atual) e os antigos bosques tropicais começaram a ceder lugar aos prados
verdes, os antigos seres vivos que moravam nas árvores foram descendo para o chão, e
aqueles que aprenderam a caminhar erguidos formaram a estirpe da qual descende o
homem atual.
Entre estes últimos (que conseguiram erguer-se) prevaleceu um tipo, que foi
chamado PROCONSUL, mais ou menos há 25 milhões de anos, o que era positivamente
um símio.
E os tipos foram evoluindo até que, mais ou menos há um milhão e meio de anos,
surgiram as espécies mais aproximadas do tipo humano.
Realmente, na Ásia, na África e na Europa foram descobertos esqueletos de
antropóides (macacos semelhantes ao homem) não identificados.
Nas camadas do Pleistoceno* inferior, também chamado Paleolítico (período antigo
da Era da Pedra Lascada) e no Neolítico (Era da Pedra Polida) vieram à luz instrumentos,
objetos e restos de dentes, ossos e chifres, cada vez mais bem trabalhados.
* 0 Pleistoceno corresponde ao começo da Era Quaternária, tempos chamados pré-
históricos.
Em 1807 surgiu em Heidelberg (Alemanha) um maxilar inferior e em Piltdow
(Inglaterra) um crânio e uma mandíbula um tanto diferentes dos tipos antropóides; até que
finalmente surgiram esqueletos inteiros desses seres, permitindo melhores exames e
conclusões.
Primeiramente surgiram criaturas do tamanho de um homem, que andavam de pé,
tinham cérebro pouco desenvolvido as quais foram chamadas Pitecantropo, ou Homem de
Java, que viveram entre 550 e 200 mil anos atrás. Em seguida surgiu o Sinantropos, ou
Homem de Pequim, de cérebro também muito precário. Mais tarde surgiram tipos de
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cérebro mais evoluídos que viveram de 150 a 35 mil anos atrás e foram chamados de
Homens de Solo (na Polinésia); de Florisbad (na África do Sul); da Rodésia (na África) e o
mais generalizado de todos, chamado Homem de Neanderthal (no centro da Europa), cujos
restos, em seguida, foram também encontrados nos outros continentes.
Como possuíam cérebro bem maior foram chamados "Homo Sapiens", conquanto
tivessem ainda muitos sinais de deficiências em relação à fala, à associação de idéias e à
memória.
O Neanderthal foi descoberto em camadas do Pleistoceno (3) médio mas, logo
depois, no Pleistoceno superior surgiram esqueletos de corpo inteiro e de atitude vertical,
como, por exemplo, o tipo negróide de Grimaldi, o tipo branco do Cro-Magnon
(pertencente à Quarta Raça, Atlante) e o tipo Chancelade.
E por fim foram descobertos os tipos já bem desenvolvidos chamados Homens de
Swanscombe (na Inglaterra), o de Kanjera (na África) o de Fontchevade (na França), todos
classificados como "Homo Sapiens sapiens", isto é, "homens verdadeiros".
Ainda hoje existem na Rodésia (África) tipos semelhantes ao Neanderthal, que
levam vida bestial e possuem crânio delicocéfalo* (ovalado) com diâmetro transversal ¼
menor que o diâmetro longitudinal.
(3) o Pleistoceno corresponde ao começo da era Quaternária, tempos chamados pré-
históricos.
* Dolicocéfalo =tipo humano cuja largura de crânio tem quatro quintos do seu comprimento
(cf. Novo Dicionário Aurélio, Nova Fronteira). (Nota da Editora)
Estes tipos, estudados e classificados pela Ciência, conquanto tenham servido de
base para suas investigações e conclusões, não valem todavia como prova da existência do
tipo de transição.
Na realidade, a Ciência ignora a data e o local do aparecimento do verdadeiro tipo
humano, como também ignora qual o primeiro ser que pode ser considerado como tal.
O elo, portanto, entre o tipo animal mais evoluído e o homem primitivo, se perde
entre o Pitecantropo, que era bestial, e o Homo Sapiens que veio 400 mil anos mais tarde.
*
Em resumo, eis a evolução do tipo humano:
- Símios ou primatas;
-Tipo evoluído de primata – Proconsul - 25 milhões de anos.
- Homo Erectus - Pitecantropus e Sinantropus - 500 mil anos.
- Homo Sapiens - Solo, Rodésia, Florisbad, Neanderthal - 150 mil anos.
- Homo Sapiens sapiens - Wescombe, Kangera, Fontechevade, Cro-Magnon e
Chancelade -35 mil anos.
* Nos anos 90, exames de DNA provaram que o Neanderthal é uma ramificação separada
da espécie humana, embora seja evidentemente uma evolução dos símios primitivos. Veja também
informações atualizadas de datas, para as espécies, na Fig. 8 do Apêndice. (Nota da Editora)
*
Os Exilados da Capela Edgard Armond
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É bem de ver que se houvesse existido esse tipo intermediário, inúmeros
documentos fósseis dessa espécie existiriam, como existem de todos os outros seres vivos,
e, assim, como houve e ainda há inúmeros símios, representantes do ponto mais alto da
evolução dessa classe de seres, também haveria os tipos correspondentes, intermediários
entre uns e outros.
Se a ciência, até hoje, não descobriu esses tipos intermediários é porque eles
realmente não existiram na Terra: foram plasmados em outros planos de vida, onde os
Prepostos do Senhor realizaram a sublime operação de acrescentar ao tipo animal mais
perfeito e evoluído de sua classe os atributos humanos que, por si sós - conquanto aparente
e inicialmente invisíveis - dariam ao animal condições de vida enormemente diferentes e
possibilidades evolutivas impossíveis de existirem no reino animal, cujos tipos se
restringem e se limitam em si mesmos.
Sobre assunto de tão delicado aspecto ouçamos o que diz o instrutor Emmanuel, em
comunicação recebida, em 1937, pelo médium Francisco Cândido Xavier e que
transcrevemos in leteris:
"Amigos, que a paz de Jesus descanse sobre vossos corações.
Segundo estudos que pude efetivar em companhia de elevados mentores da
espiritualidade, posso dizer-vos francamente que todas as formas vivas da natureza estão
possuídas de princípios espirituais. E princípios que evoluem da alma fragmentária até à
racionalidade do homem. A razão, a consciência, "a noção de si mesmo" constituem na
individualidade a súmula de muitas lutas e de muitas dores, em favor da evolução anímica e
psíquica dos seres.
O processo, portanto, da evolução anímica se verifica através de vidas cuja
multiplicidade não podemos imaginar, nas nossas condições de personalidades relativas,
vidas essas que não se circunscrevem ao reino hominal, mas que representam o transunto
das mais várias atividades em todos os reinos da natureza.
Todos aqueles que estudaram os princípios de inteligência dos considerados
absolutamente irracionais, grandes benefícios produziram, no objetivo de esclarecer esses
sublimes problemas, do drama infinito do nosso progresso pessoal.
O princípio inteligente, para alcançar as cumiadas da racionalidade, teve de
experimentar estágios outros de existência nos planos de vida. Os protozoários são
embriões de homens, como o selvagem das regiões ainda incultas são os embriões dos seres
angélicos. O homem, para atingir o complexo de suas perfeições biológicas na Terra, teve o
concurso de Espíritos exilados de um mundo melhor para o orbe terráqueo, Espíritos esses
que se convencionou chamar de componentes da raça adâmica, que foram em tempos
remotíssimos desterrados para as sombras e para as regiões selvagens da Terra, porquanto a
evolução espiritual do mundo em que viviam não mais a tolerava, em virtude de suas
reincidências no mal. O vosso mundo era então povoado pelos tipos do "Primata hominus ",
dentro das eras da caverna e do sílex, e essas legiões de homens singulares, pelo seu
assombroso e incrível aspecto, se aproximavam bastante do "Pithecanthropus erectus ",
estudado pelas vossas ciências modernas como um dos respeitáveis ancestrais da
humanidade.
Foram, portanto, as entidades espirituais a que me referi que, por misericórdia
divina e em razão das novas necessidades evolutivas do planeta, imprimiram um novo fator
de organização às raças primigênias, dotando-as de novas combinações biológicas,
objetivando o aperfeiçoamento do organismo humano.
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Os animais são os irmãos inferiores dos homens. Eles também, como nós, vêm de
longe, através de lutas incessantes e redentoras e são, como nós, candidatos a uma posição
brilhante na espiritualidade. Não é em vão que sofrem nas fainas benditas da dedicação e da
renúncia, em favor do progresso dos homens.
Seus labores, penosamente efetivados, terão um prêmio que é o da evolução na
espiritualidade gloriosa. Eles, na sua condição de almas fragmentárias no terreno da
compreensão, têm todo um exército de protetores dos planos do Alto, objetivando a sua
melhoria e o amplo desenvolvimento de seu progresso, em demanda do reino hominal.
Em se desprendendo do invólucro material, encontram imediatamente entidades
abnegadas que os encaminham na senda evolutiva, de maneira que a sua marcha não
encontre embaraços quaisquer que os impossibilitem de progredir, como se torna
necessário, operando-se sem perda de tempo a sua reencarnação.
O macaco, tão carinhosamente estudado por Darvin nas suas cogitações filosóficas e
científicas, é um parente próximo das criaturas humanas, falando-se fisicamente, com seus
pronunciados laivos de inteligência; mas a promoção do princípio espiritual do animal à
racionalidade humana se processa fora da Terra, dentro de condições e aspectos que não
posso vos descrever, dada a ausência de elementos analógicos para as minhas comparações.
E que Jesus nos inspire, esclarecendo as nossas mentes em face de todas as
grandiosidades das leis divinas, imperantes na Criação. "
*
Assim, pois, quando essa operação transformadora se consumou fora da Terra, no
astral planetário ou em algum mundo vizinho, estava “ipso facto” criada a raça humana,
com todas as suas características e atributos iniciais, a Primeira Raça-Mãe, que a tradição
espiritual oriental definiu da seguinte maneira: "espíritos ainda inconscientes, habitando
corpos fluídicos, pouco consistentes".
Os Exilados da Capela Edgard Armond
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V - AS ENCARNAÇÕES NA SEGUNDA RAÇA
Quando cessou o trabalho de integração de espíritos animalizados nesses corpos
fluídicos e terminaram sua evolução, aliás muito rápida, nessa raça-padrão, o planeta se
encontrava nos fins de seu terceiro período geológico e já oferecia condições de vida
favoráveis para seres humanos encarnados; já de há muito seus elementos materiais
estavam estabilizados e o cenário foi julgado apto a receber o "rei da criação".
Iniciou-se, então, essa encarnação nos homens primitivos formadores da Segunda
Raça-Mãe, que a tradição esotérica também registrou com as seguintes características:
- "espíritos habitando formas mais consistentes, já possuidores de mais lucidez e
personalidade", porém ainda não fisicamente humanos.
Iniciou-se com estes espíritos um estágio de adaptação na crosta planetária tendo
como teatro o grande continente da Lemúria. Esta segunda raça deve ser considerada como
pré-adâmica.
*
Estava-se nos albores do período quaternário.
Os homens dessa Segunda Raça em quase nada se distinguiam dos seus
antecessores símios; eram grotescos, animalizados, inteiramente peludos, enormes cabeças
pendentes para a frente, braços longos que quase tocavam os joelhos; ferozes, de andar
trôpego e vacilante e em cujo olhar, inexpressivo e esquivo, predominavam a desconfiança
e o medo.
Alimentavam-se de frutos e raízes; viviam isolados, escondidos nas matas e nas
rochas, fugindo uns dos outros, vendo nas feras que os rodeavam por toda parte seres
semelhantes a eles mesmos, e procriando-se instintivamente, sem preocupação de
estabelecerem entre si laços de afeto ou de intimidade permanente. Quem olhasse então o
mundo não diria que ele já era habitado por seres humanos.
Essa Segunda Raça evoluiu por muitos milênios, dando tempo a que se procedesse a
necessária adaptação ao meio ambiente até que, por fim, como desabrochar lento e custoso
da inteligência, surgiu entre seus componentes o desejo de vida comum que, nessa primeira
etapa evolutiva, era visceralmente brutal e violento.
Os ímpetos do sexo nasceram de forma terrivelmente bárbara e os homens saíam
furtivamente de seus antros escuros para se apoderarem pela força de companheiras
inconscientes e indefesas, com as quais geravam filhos que se criavam por si mesmos, ao
redor do núcleo familiar, como feras.
Com o correr do tempo, entretanto, essa proliferação desordenada e o agrupamento
forçado de seres do mesmo sangue, obrigaram os homens a procurar habitações mais
amplas e cômodas, que encontraram em grutas e cavernas naturais, nas bases das colinas ou
nas anfratuosidades das montanhas.
Sua inteligência ainda não bastava para a idealização de construções mais
apropriadas e assim surgiram os trogloditas da Idade da Pedra, em cujos olhos, porém, já a
esse tempo, luziam os primeiros fulgores do entendimento e cujos corações já de alguma
forma se abrandavam ao calor dos primeiros sentimentos humanos.
Eis como eles foram vistos pelo espírito de João, o Evangelista, em comunicação
dada na Espanha, nos fins do século passado.(4)
Os Exilados da Capela Edgard Armond
18
(4) Roma e o Evangelho – Pellincer.
- "Adão ainda não tinha vindo.
Porque eu via um homem, dois homens, muitos homens e no meio deles não via
Adão e nenhum deles conhecia Adão.
Eram os homens primitivos, esses que meu espírito absorto, contemplava.
Era o primeiro dia da humanidade; porém, que humanidade, meu Deus!...
Era também o primeiro dia do sentimento, da vontade e da luz; mas de um
sentimento que apenas se diferenciava da sensação, de uma vontade que apenas desvanecia
as sombras do instinto.
Primeiro que tudo o homem procurou o que comer; após, procurou uma
companheira, juntou-se com ela e tiveram filhos.
Meu espírito não via o homem do Paraíso; via muito menos que o homem, coisa
pouco mais que um animal superior.
Seus olhos não refletiam a luz da inteligência; sua fronte desaparecia sob o cabelo
áspero e rijo da cabeça; sua boca, desmesuradamente aberta, prolongava-se para diante;
suas mãos pareciam com os pés e freqüentemente tinham o emprego destes; uma pele
pilosa e rija cobria as suas carnes duras e secas, que não dissimulavam a fealdade do
esqueleto.
Oh! Se tivésseis visto, como eu, o homem do primeiro dia, com seus braços magros
e esquálidos caídos ao longo do corpo e com suas grandes mãos pendidas até os joelhos,
vosso espírito teria fechado os olhos para não ver e procuraria o sono para esquecer.
Seu comer era como devorar; bebia abaixando a cabeça e submergindo os grossos
lábios nas águas; seu andar era pesado e vacilante como se a vontade não interviesse; seus
olhos vagavam sem expressão pelos objetos, como se a visão não se refletisse em sua alma;
e seu amor e seu ódio, que nasciam de suas necessidades satisfeitas ou contrariadas, eram
passageiros como as impressões que se estampavam em seu espírito e grosseiros como as
necessidades em que tinham sua origem.
O homem primitivo falava, porém não como o homem: alguns sons guturais,
acompanhados de gestos, os precisos para responder às suas necessidades mais urgentes.
Fugia da sociedade e buscava a solidão; ocultava-se da luz e procurava
indolentemente nas trevas a satisfação de suas exigências naturais.
Era escravo do mais grosseiro egoísmo; não procurava alimento senão para si;
chamava a companheira em épocas determinadas, quando eram mais imperiosos os desejos
da carne e, satisfeito o apetite, retraía-se de novo à solidão sem mais cuidar da prole.
O homem primitivo nunca ria; nunca seus olhos derramavam lágrimas; o seu prazer
era um grito e a sua dor era um gemido.
O pensar fatigava-o; fugia do pensamento como da luz. "
E mais adiante acrescenta:
- "E nesses homens brutos do primeiro dia o predomínio orgânico gerou a força
muscular; e a vontade subjugada pela carne gerou o abuso da força; dos estímulos da carne
nasceu o amor; do abuso da força nasceu o ódio, e a luz, agindo sobre o amor e sobre o
tempo, gerou as sociedades primitivas.
A família existe pela carne; a sociedade existe pela força.
Moravam as famílias à vista de todos, protegiam-se, criavam rebanhos, levantavam
tendas sobre troncos e depois caminhavam sobre a terra.
O homem mais forte é o senhor da tribo; a tribo mais poderosa é o lobo das outras.


Os Exilados da Capela Edgard Armond
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VI - A TERCEIRA RAÇA-MÃE
Estava-se no período em que a ciência oficial denomina - Era da Pedra Lascada -
em que o engenho humano, para seu uso e defesa, se utilizava do sílex, como arma
primitiva e tosca.
Nessa época, em pleno quaternário, por efeito de causas pouco conhecidas, ocorreu
um resfriamento súbito da atmosfera, formando-se geleiras, que cobriam toda a Terra.
O homem, que mal ainda se adaptava ao ambiente planetário, temeroso e hostil, teve
então seus sofrimentos agravados com a necessidade vital de defender-se do frio intenso
que então sobreveio, cobrindo-se de peles de animais subjugados em lutas temerárias e
desiguais, em que lançava mão de armas rudimentares e insuficientes contra feras e
monstros terríveis que o rodeavam por toda parte.
Foi então que o seu instinto e as inspirações dos Assistentes Invisíveis o levaram à
descoberta providencial do fogo, o novo e precioso elemento de vida e defesa, que abriu à
humanidade torturada de então novos recursos de sobrevivência e de conforto.
Entretanto, tempos mais tarde, as alternativas da evolução física do globo
determinaram acentuado aquecimento geral, que provocou súbito degelo e terríveis
inundações, fenômeno esse que, na tradição pré-histórica, ficou conhecido como - o dilúvio
universal, - atribuído a um desvio do eixo do globo que se obliquou e provocado pela
aproximação de um astro, que determinou também alterações na sua órbita, que se tornou,
então, mais fechada.
*
Mas o tempo transcorreu em sua inexorável marcha e o homem, a poder de
sofrimentos indizíveis e penosíssimas experiências de toda a sorte, conseguiu superar as
dificuldades dessa época tormentosa.
Acentuou-se, em conseqüência, o progresso da vida humana no orbe, surgindo as
primeiras tribos de gerações mais aperfeiçoadas, que formaram a humanidade da Terceira
Raça-Mãe, composta de homens de porte agigantado, cabeça mais bem conformada e mais
ereta, braços mais curtos e pernas mais longas, que caminhavam com mais aprumo e
segurança, em cujos olhos se vislumbravam mais acentuados lampejos de entendimento.
Nasceram principalmente na Lemúria e na Ásia e suas características etnográficas,
mormente no que respeita à cor da pele, cabelos e feições do rosto, variavam muito,
segundo a alimentação, os costumes, e o ambiente físico das regiões em que habitavam.
Eram nômades; mantinham-se em lutas constantes entre si e mais que nunca
predominavam entre eles a força e a violência, a lei do mais forte prevalecendo para a
solução de todos os casos, problemas ou divergências que entre eles surgissem.
Todavia, formavam já sociedades mais estáveis e numerosas, do ponto de vista
tribal, sobre as quais dominavam, sob o caráter de chefes ou patriarcas, aqueles que
fisicamente houvessem conseguido vencer todas as resistências e afastar toda a
concorrência.
Do ponto de vista espiritual ou religioso essas tribos eram ainda absolutamente
ignorantes e já de alguma forma fetichistas, pois adoravam, por temor ou superstição
instintiva, fenômenos que não compreendiam e imagens grotescas representativas tanto de
suas próprias paixões e impulsos nativos, como de forças maléficas ou benéficas que ao seu
redor se manifestavam perturbadoramente.
Os Exilados da Capela Edgard Armond
21
Da mesma comunicação de João Evangelista, a que já nos referimos, transcrevemos
aqui mais os seguintes e evocativos períodos:
- "Depois do primeiro dia da humanidade, o corpo do homem aparece menos feio,
menos repugnante à contemplação de minha alma.
Sua fronte começa a debuxar-se na parte superior do rosto, quando o vento açoita e
levanta as ásperas melenas que a cobrem.
Os seus olhos são mais vivos e transparentes; o seu nariz é mais afilado e levantado
e a sua boca é menos proeminente.
Seus braços são menos longos e esquálidos, suas carnes menos secas, suas mãos
menos volumosas e com dedos mais prolongados; os ossos do esqueleto mais
arredondados, mais bem dispostos aos movimentos das articulações; maior elasticidade
existe nos músculos e mais transparência na pele que cobre todo o corpo.
No seu olhar se reflete o primeiro raio de luz intelectual, como um primeiro
despertar do seu espírito adormecido.
No seu caminhar, já menos lerdo e vacilante, adivinha-se a ação inicial da vontade,
o princípio das manifestações espontâneas.
Procura a mulher e não mais a abandona; assiste-lhe no nascimento dos filhos, com
quem reparte o calor e o alimento.
O sentimento começa a despertar-lhe. "
*
A humanidade, nessa ocasião, estava então num ponto em que uma ajuda exterior
era necessária e urgente, não só para consolidar os poucos e laboriosos passos já
palmilhados como, principalmente, para dar-lhe diretrizes mais seguras e mais amplas no
sentido evolutivo.
Em nenhuma época da vida humana tem-lhe faltado o auxílio do Alto que, quase
sempre, se realiza pela descida de Emissários autorizados. O problema da Terra, porém,
naqueles tempos, exigia para sua solução, medidas mais amplas e mais completas que,
aliás, não tardaram a ser tomadas pelas entidades espirituais responsáveis pelo progresso
planetário, como veremos em seguida.
Os Exilados da Capela Edgard Armond
22
VII - COMO ERA, ENTÃO, O MUNDO
O panorama geográfico da Terra, nessa época, era o seguinte (Fig. 2):
ORIENTE
A) O grande continente da Lemúria que se estendia das alturas da Ilha de
Madagascar para o leste e para o sul, cobrindo toda a região ocupada hoje pelo Oceano
Indico, descendo até a Austrália e incluindo a Polinésia.
B) A região central da Ásia, limitada ao sul pelo Himalaia e que se estendia para
leste, Pacífico adentro; para oeste terminava num grande mar, que subia de sul para norte,
passando pelas regiões hoje ocupadas pelo Indostão, Belukistão, Pérsia e Tartária e
terminando na região sub-ártica. (5)
(5) Divisão geográfica anterior às últimas guerras.
Este foi o hábitat central da Terceira Raça.
OCIDENTE
C) O continente formado pela Grande Atlântida, que se desenvolvia de sul a norte
sobre a região hoje ocupada pelo Oceano Atlântico, que lhe herdou o nome.
D) A parte superior da América do Norte, que formava então dois braços dirigidos
um para Oriente, na direção da atual Groenlândia, e outro para Ocidente, prolongando-se
pelo Oceano Pacífico, na direção da Ásia.
Nestas duas regiões se estabeleceram, mais tarde os povos da Quarta Raça.
E) Ao norte um continente ártico, denominado Hiperbóreo, que cobria toda a região
do Pólo Norte, mais ou menos até a altura do paralelo 80, sobre todo o território Europeu."
(6)
(6) Os continentes ártico e antártico suportam 90% de todo o gelo existente na Terra.
Estudos de paleontologia feitos por expedições científicas demonstram que verdadeiras
florestas cobriam essas regiões no passado e se encontram agora enterradas em camadas profundas
de 4 a 2.000 metros no gelo e provam que há mais de milhares de anos essas regiões eram de clima
temperado perfeitamente habitáveis.
Esta foi a região habitada, mais tarde, pelos formadores da Quinta Raça, os
Árias.
Além destes cinco continentes, a tradição consigna a existência do chamado
"Primeiro Continente", Terra Sagrada, "Terra dos Deuses": que "era o berço do primeiro
Adão, a habitação do último mortal divino, escolhido como uma sede para a humanidade,
devendo presidir à semente da futura humanidade".
Como se vê, trata-se da própria Capela que, após a descida dos Exilados, passou a
ser considerada como uma região ligada à Terra, um prolongamento desta por ser a própria
Os Exilados da Capela Edgard Armond
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pátria, o paraíso momentaneamente perdido e para aonde deveriam voltar ao fim de seu
exílio.
*
Esses continentes a que nos referimos eram então habitados pelos homens da
Terceira Raça, que assim se distribuíam:
- Na Lemúria - os Rutas, homens de pele escura.
- Na Ásia - os Mongóis, de pele amarelada.
- Na Atlântida - os Atlantes, de pele avermelhada, (os primitivos), que serviram de
semente à Quarta Raça.
Sem embargo dessas diferenças de cor as demais características biológicas já
descritas prevaleciam, mais ou menos uniformemente, para todos os indivíduos dessa
Terceira Raça, em todos os lugares.



Os Exilados da Capela Edgard Armond
19
As tribos errantes, como o furacão, marcham para diante e, como gafanhotos,
assaltam a terra onde pousam seus enxames. "
*
Assim, como bem deixa ver o Evangelista, no final de sua comunicação, com o
correr dos tempos as famílias foram se unindo, formando tribos, se amalgamando, cruzando
tipos, elegendo chefes e elaborando as primeiras regras de vida em comum, que visavam
preferentemente às necessidades materiais da subsistência e da procriação.
ESBOÇO SINTÉTICO DA EVOLUÇÃO ESPIRITUAL NO MUNDO
Copyright 1987
Editora Aliança
1ª edição. 3ª reimpressão
mar/2001 do 181º ao 190º milheiro
Título
OS EXILADOS DA CAPELA
Autor: Edgard Armond
Revisores: Maria Aparecida Amaral e Selma Cury
Editoração: MMS
Capa: Elifas Alves
Impressão: Vida & Consciência Editora e Gráfica Ltda.
ficha catalográfica
Armond, Edgard, 1894-1982
A763e Os Exilados da Capela / Edgard Armond
311 edição - São Paulo: Editora Aliança -
1999
176 págs.
1. Espiritismo 2. Espiritismo - Filosofia 3. Filosofia e Ciência
4. Filosofia e Religião 5. Religião e Ciência I. Título
CM - 133.9
EDITORA ALIANÇA
Rua Francisca Miquelina, 259 - Bela Vista - São Paulo - SP
CEP 01316-000 - Fone: 3105.5894 - Fax: 3107.9704
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"Queiram ou não queiram os homens, com o tempo, a luz da verdade se fará nos
quatro cantos do mundo. "
Palavras de Razin, Guia Espiritual.


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