A Figura de Arimam na Mitologia e no Esoterismo

 




Relatório de Investigação: A Figura de Arimam na Mitologia e no Esoterismo

1. Origens e Contexto Oriental: O Zoroatrismo

Arimam, originalmente conhecido como Angra Mainyu (Espírito Destrutivo), surge na antiga Pérsia através dos ensinamentos de Zaratustra (Zoroastro). Ele é o princípio absoluto do mal, da escuridão e do caos.

 * A Dualidade Cósmica: No Zoroatrismo, Arimam é o opositor direto de Ahura Mazda (o Senhor Sábio). Enquanto Mazda cria vida, luz e verdade, Arimam gera a morte, a escuridão e a mentira (Druj).

 * Fontes Asiáticas e Persas: Textos como o Avesta e o Bundahishn descrevem Arimam como um ser que habita o "Abismo da Escuridão Sem Fim". No mito de Zurvan (Zurvanismo), Arimam é o irmão gêmeo de Ahura Mazda, nascido da dúvida do deus do Tempo, Zurvan.

 * Especialistas: Acadêmicos como Mary Boyce e R.C. Zaehner destacam que Arimam não é apenas um "demônio", mas uma força cosmológica necessária para o livre-arbítrio humano, representando a escolha consciente pela destruição.

2. Influência em Fontes Árabes e Islâmicas

Com a expansão do Islã sobre a Pérsia, a figura de Arimam foi assimilada e comparada a entidades da demonologia árabe.

 * Iblis e Shaitan: Teólogos árabes medievais frequentemente traçavam paralelos entre Arimam e Iblis. No entanto, autores persas muçulmanos (como Al-Biruni) mantiveram a distinção de Arimam como uma força de "não-ser" ou privação de bem.

 * O Sufismo: Em certas correntes esotéricas do Sufismo, a "Sombra de Deus" ou o aspecto obscurecedor da criação guarda semelhanças com a função limitante de Arimam, embora despojado de sua divindade dualista original.

3. Perspectivas Ocidentais e Modernas

No Ocidente, Arimam foi inicialmente estudado como uma curiosidade mitológica, mas logo se tornou uma figura central no ocultismo do século XIX e XX.

 * Blavatsky e a Teosofia: Helena Blavatsky via Arimam como a personificação do "Pensamento Maligno" e da luz artificial, ligada ao progresso tecnológico puramente materialista.

 * Literatura: O arquétipo de Arimam influenciou a visão do "Diabo" intelectual e calculista, oposto ao Diabo passional e rebelde (Lúcifer).

4. Rudolf Steiner e a Antroposofia: O Arconte Supremo

Para Rudolf Steiner, Arimam não é uma metáfora, mas uma Entidade Espiritual Real que atua na evolução humana. Sua visão é a mais aprofundada no esoterismo moderno.

Arimam como o Arconte do Materialismo

Steiner descreve Arimam como o ser que deseja "mecanizar" o ser humano e a Terra.

 * O Demiurgo da Matéria: Steiner associa Arimam ao domínio das leis físicas rígidas. Ele é o Arconte que busca convencer a humanidade de que o mundo físico é a única realidade. Nesse sentido, ele atua como um "Demiurgo" que cria uma prisão de ilusão materialista.

 * A Tríade de Forças: Steiner propõe que o ser humano está entre dois polos:

   * Lúcifer: A força da fantasia, orgulho, espiritualidade abstrata e calor.

   * Arimam: A força da frieza, lógica seca, tecnologia, estatística e morte.

   * O Cristo (Ponto de Equilíbrio): A força que harmoniza ambos.

A Encarnação de Arimam

Uma das profecias mais polêmicas de Steiner é a de que, assim como Lúcifer encarnou na China (3º milênio a.C.) e o Cristo na Palestina, Arimam encarnará no Ocidente (provavelmente no início do 3º milênio d.C.) como uma figura humana de imenso intelecto, promovendo uma cultura de vigilância, transumanismo e controle tecnológico total.

5. Bibliografia e Estudos Recomendados

 * Rudolf Steiner: A Influência de Lúcifer e Arimam (GA 191) e A Decepção de Arimam.

 * R.C. Zaehner: The Dawn and Twilight of Zoroastrianism.

 * Mary Boyce: Zoroastrians: Their Religious Beliefs and Practices.

 * Bernard Nesfield-Cookson: Rudolf Steiner’s Vision of Love (Explora o papel de Arimam no combate ao espírito).

Conclusão

Arimam evoluiu de uma divindade dualista persa para um símbolo esotérico da "sombra da inteligência". Nas palavras de Steiner, ele é o Arconte Supremo da era moderna, pois sua arma mais poderosa é fazer com que a humanidade acredite que ele (e o mundo espiritual) não existe, prendendo-nos perpetuamente na malha da matéria.

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