A Mecânica da Consciência e o Pêndulo Selvagem de Itzhak Bentov

 









Itzhak Bentov (1923–1979) foi um engenheiro e inventor israelense-americano, conhecido por suas contribuições para a engenharia biomédica — sendo um dos inventores do cateter cardíaco controlável — e, mais notavelmente, por suas teorias inovadoras sobre a natureza da consciência, que buscou unificar a ciência com a espiritualidade. Suas ideias, que propõem uma visão do universo como fundamentalmente vibracional e holográfico, ganharam notoriedade não apenas no meio místico-científico, mas também chamaram a atenção da Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA.

Principais Teorias de Itzhak Bentov

As teorias de Bentov são detalhadas em seus principais livros, sendo o mais famoso "Stalking the Wild Pendulum: On the Mechanics of Consciousness" (À Espreita do Pêndulo Selvagem: Sobre a Mecânica da Consciência), publicado em 1977.

1. Consciência como Campo de Energia Fundamental

Bentov propôs que a Consciência não é apenas um subproduto do cérebro, mas sim um campo de energia fundamental do universo, não local e não limitada pelo espaço-tempo.

O Cérebro como Transdutor: O cérebro humano atua como um transdutor, uma espécie de receptor e conversor, que pega essa energia universal de consciência e a transforma nos sinais elétricos e químicos que dão origem às nossas experiências sensoriais e percepções (Referência 2.1).

Espectro de Consciência: Ele sugeriu que a consciência existe em um espectro, variando da consciência individual à Consciência Universal (ou Absoluta), que permeia todas as coisas (Referência 2.1, 1.5).

2. O Modelo Vibracional e o Micromovimento Corporal

Um aspecto central da teoria de Bentov é a conexão entre o corpo e as vibrações do universo, frequentemente associado ao conceito de Kundalini (energia espiritual na tradição iogue).

Ressonância e Sincronização: Bentov hipotetizou que o ato de meditação ou relaxamento profundo leva à sincronização de micromovimentos dentro do corpo (como o batimento cardíaco e a respiração), o que gera um pulso de baixa frequência. Quando a frequência desse pulso interno se iguala a uma frequência de ressonância da Terra (cerca de 7 a 7,5 Hz), isso poderia estimular o córtex e levar a estados alterados de consciência (Referência 3.5, 1.7).

Efeito Físico: Ele argumentou que esses pulsos de baixa frequência se propagam ao longo do sistema nervoso e podem levar a um estado de coerência interna, que seria a base física para a experiência de estados de consciência expandida (Referência 3.5, 1.7).

3. O Universo Holográfico e a Não-Localidade

Com base na física teórica, Bentov apoiou a ideia de que vivemos em um Universo Holográfico, onde cada parte contém a informação do todo.

Interconexão: Essa visão implica uma profunda interconexão de todas as coisas. A consciência não está confinada ao corpo e pode operar de forma não local, o que potencialmente explicaria fenômenos psíquicos como a telepatia e a Visão Remota (Referência 2.3, 3.4, 3.1).

Livros e Bibliografia Chave

As teorias de Bentov estão primariamente documentadas em suas obras, ilustradas com diagramas e metáforas acessíveis:

Stalking the Wild Pendulum: On the Mechanics of Consciousness (1977): Sua obra seminal, onde ele apresenta a maioria de seus modelos biomecânicos e físicos para a consciência, o universo holográfico e o fenômeno da meditação.

A Brief Tour of Higher Consciousness: A Cosmic Book on the Mechanics of Creation (Póstumo): Uma continuação mais leve, usando humor e metáforas para explorar reinos de consciência superior, o vazio e a natureza da realidade.

O Inesperado Interesse da CIA

O trabalho de Itzhak Bentov ganhou atenção do governo dos EUA durante a Guerra Fria, em um esforço para investigar o potencial de capacidades psíquicas humanas para fins militares e de inteligência.

O Relatório “Gateway Process”

O interesse da CIA está documentado em um relatório de 1983 desclassificado (disponível no Reading Room da CIA), intitulado “Analysis and Assessment of Gateway Process” (Análise e Avaliação do Processo Gateway) (Referência 1.1, 3.5).

Contexto: O relatório avalia o "Gateway Experience", um sistema de treinamento para alterar a consciência (especificamente a sincronização dos hemisférios cerebrais, ou Hemi-Sync), com o objetivo de transcender as restrições de tempo e espaço, ligando-o à prática de Visão Remota (Referência 3.2, 3.4).

Uso das Teorias de Bentov: O relatório da CIA recorre explicitamente aos modelos biomédicos de Itzhak Bentov para fornecer uma base científica para a técnica. O analista usa as ideias de Bentov para explicar o funcionamento físico do processo, especialmente como a ressonância de baixa frequência no corpo (induzida pelo Hemi-Sync) poderia levar a estados alterados (Referência 1.1, 3.5).

Legitimação Científica: Ao citar Bentov e usar a linguagem da física e da engenharia biomédica, o relatório tentava "construir um modelo cientificamente válido e razoavelmente lúcido" para fenômenos como as experiências fora do corpo, afastando-os do estigma de conotações ocultas para uma "estrutura de referência adequada à avaliação objetiva" (Referência 3.5).

Em suma, as teorias de Bentov foram consideradas suficientemente robustas, do ponto de vista da engenharia biomédica, para serem usadas como uma estrutura teórica pela CIA na tentativa de entender e replicar cientificamente os estados de consciência expandida e as supostas capacidades psíquicas.

Redação: O Engenheiro do Espírito – Itzhak Bentov e a Ciência da Consciência

Itzhak Bentov, um engenheiro com um dom para a invenção prática, legou ao mundo não apenas dispositivos que revolucionaram a medicina, como o cateter cardíaco controlável, mas também uma ponte audaciosa entre a física e a metafísica. Em sua obra seminal, "Stalking the Wild Pendulum: On the Mechanics of Consciousness", Bentov abandonou a visão reducionista do cérebro para propor um modelo no qual a consciência é a própria tessitura da realidade. Para ele, o cérebro não é o criador da consciência, mas um sofisticado transdutor, uma antena biológica que sintoniza o indivíduo ao Campo de Consciência Universal.

O cerne de sua teoria reside na mecânica vibracional. Bentov aplicou o rigor da engenharia para descrever como o corpo, ao atingir estados profundos de meditação, sincroniza seus micromovimentos internos. Essa coerência ressonante gera uma frequência de baixa oscilação que, ao entrar em harmonia com a frequência fundamental da Terra, estimula o sistema nervoso. Essa seria a base física e mensurável para os estados de consciência expandida, como o despertar da Kundalini. Ao traduzir conceitos espirituais milenares para o domínio da engenharia biomédica e da física, Bentov legitimou a busca pela consciência não como um mero misticismo, mas como uma exploração científica.

Essa tentativa de quantificar o intangível não passou despercebida. Durante a Guerra Fria, em sua busca por capacidades psíquicas como a Visão Remota, a Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA incorporou o trabalho de Bentov em seu relatório desclassificado de 1983 sobre o Processo Gateway. O documento cita seus modelos biomédicos como o quadro teórico necessário para explicar como as técnicas de sincronização hemisférica poderiam permitir a transcendência das barreiras de espaço-tempo. A referência da CIA é um testemunho da seriedade com que suas teorias de um Universo Holográfico e não local foram tratadas, servindo como a base "científica" para o estudo de um dos fenômenos mais esotéricos investigados pelo governo americano.

Embora sua obra permaneça à margem da ciência convencional e Bentov tenha falecido em 1979, impedindo o avanço de sua pesquisa, seu legado é inegável. Ele foi um pioneiro que utilizou a linguagem da física (ondas, vibração, holografia) para afirmar uma verdade essencial: mente e matéria são feitos da mesma substância. Suas teorias continuam a influenciar a neurociência, a pesquisa de estados alterados de consciência e o pensamento sobre o universo, inspirando uma nova geração a procurar a mecânica da consciência onde Bentov a encontrou: na interconexão vibracional entre o eu, o planeta e o cosmos.

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