Rupert Sheldrake, um renomado biólogo e parapsicólogo britânico, propôs a teoria dos campos mórficos como uma alternativa ao paradigma mecanicista e reducionista que domina grande parte da ciência moderna. Em sua visão, a forma e o comportamento dos sistemas naturais não são determinados unicamente pelas leis da física e da química atuando localmente, mas também pela influência de campos invisíveis que ele denomina "campos mórficos".
Esses campos seriam campos de informação, campos de hábito, que contêm uma espécie de "memória coletiva" da forma e do comportamento de sistemas semelhantes que existiram no passado. A ideia central é a da ressonância mórfica: quando um sistema com uma determinada forma ou padrão de comportamento existe, ele estabelece um campo mórfico. Sistemas posteriores semelhantes sintonizam com esse campo, facilitando a adoção da mesma forma ou comportamento. Quanto mais sistemas semelhantes existirem, mais forte se torna o campo e mais fácil se torna para novos sistemas se sintonizarem com ele.
Imagine, por exemplo, a cristalização de uma substância. A primeira vez que um cristal de uma determinada estrutura se forma pode ser um processo relativamente lento e complexo. No entanto, uma vez que essa estrutura se estabeleceu, a formação de cristais subsequentes da mesma substância tende a ocorrer mais rapidamente e facilmente. Sheldrake argumenta que isso não se deve apenas à presença de "sementes" de cristais, mas também à ressonância com o campo mórfico estabelecido pelas cristalizações anteriores.
Essa ideia se estende a todos os níveis da natureza, desde moléculas e cristais até organismos vivos, comportamentos animais e até mesmo o pensamento humano. Para Sheldrake, a memória não estaria armazenada apenas no cérebro individual, mas também seria acessada através da ressonância com campos mórficos de experiências semelhantes vividas por outros indivíduos ou pela própria espécie no passado. Isso poderia explicar fenômenos como o aprendizado aparentemente espontâneo de novas habilidades por membros de uma espécie em diferentes partes do mundo, após essa habilidade ter sido aprendida por alguns indivíduos.
Evidências e Controvérsias
A teoria dos campos mórficos gerou muita controvérsia no meio científico. Sheldrake apresenta uma série de experimentos que, segundo ele, fornecem evidências a favor de sua teoria. Alguns desses experimentos envolvem:
* O aprendizado de novas tarefas por animais: Experimentos mostraram que ratos em diferentes partes do mundo aprendiam uma nova tarefa mais rapidamente após outros ratos terem aprendido a mesma tarefa em outro local.
* A formação de cristais: Observações sugerem que novas substâncias cristalizam mais facilmente após terem sido cristalizadas pela primeira vez em outro lugar.
* A sensação de estar sendo observado: Estudos indicam que algumas pessoas conseguem detectar quando estão sendo observadas, mesmo sem pistas sensoriais convencionais.
* Previsão de eventos futuros: Sheldrake também investigou a capacidade de algumas pessoas de prever eventos futuros, como o toque de um telefone.
No entanto, muitos cientistas criticam a metodologia desses experimentos e oferecem explicações alternativas para os resultados observados dentro do paradigma científico convencional. A falta de um mecanismo físico conhecido para a transmissão da informação dos campos mórficos também é um ponto central da crítica. A teoria é frequentemente vista como pseudociência por não se enquadrar nos critérios de falseabilidade e replicabilidade exigidos pela ciência tradicional.
Livros e Teorias Semelhantes
Apesar da controvérsia, a teoria dos campos mórficos ressoa com outras ideias e abordagens que buscam uma compreensão mais holística e interconectada da realidade. Alguns livros e teorias que compartilham certas semelhanças ou exploram temas relacionados incluem:
* "A Presença do Passado: Ressonância Mórfica e os Hábitos da Natureza" (The Presence of the Past: Morphic Resonance and the Habits of Nature) e "Uma Nova Ciência da Vida: A Hipótese da Causação Formativa" (A New Science of Life: The Hypothesis of Formative Causation) de Rupert Sheldrake: Estas são as obras seminais onde Sheldrake desenvolve e apresenta sua teoria em detalhes.
* A teoria do inconsciente coletivo de Carl Jung: Jung propôs a existência de um reservatório de experiências e conhecimentos compartilhados por toda a humanidade, transmitido através de arquétipos. Embora diferente na sua natureza e escopo, a ideia de uma "memória coletiva" ressoa com o conceito de campos mórficos.
* A teoria dos campos de informação de Ervin Laszlo: Laszlo postula um campo Akáshico, um campo de informação cósmico que interconecta tudo no universo e armazena informações sobre o passado, presente e futuro. Essa ideia também sugere uma forma de interconexão e influência não local.
* O conceito de sincronicidade de Carl Jung e Wolfgang Pauli: A sincronicidade descreve coincidências significativas que não podem ser explicadas por causa e efeito. Embora não diretamente relacionado aos campos mórficos, sugere a existência de padrões e interconexões sutis na realidade.
* Abordagens holísticas na biologia e na psicologia: Várias correntes dentro dessas áreas enfatizam a importância do contexto, das relações e dos padrões emergentes na compreensão dos sistemas vivos e da mente, em contraste com uma visão puramente reducionista.
Considerações Finais
A teoria dos campos mórficos de Rupert Sheldrake oferece uma perspectiva provocadora e instigante sobre a natureza da forma, da memória e da causalidade. Embora enfrente considerável ceticismo por parte da comunidade científica tradicional, ela continua a gerar debate e inspira novas formas de pensar sobre a complexidade do mundo natural. Ao explorar a possibilidade de campos de informação que influenciam a forma e o comportamento através da ressonância, Sheldrake nos convida a considerar uma visão de universo mais interconectada e com uma memória intrínseca. Seja como uma teoria científica plenamente estabelecida ou como um catalisador para novas indagações, a ressonância mórfica certamente nos desafia a expandir nossos horizontes conceituais.


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