Qual é a verdade última da realidade?
Ambos o véu de Isis na mitologia egípcia e o véu de Maia na mitologia hindu estão associados à ideia de ocultação e ilusão. Ambos os véus simbolizam a maneira pela qual a verdade última da realidade é encoberta e obscurecida, seja pela magia de Isis ou pela ilusão de Maia. Ambos os conceitos também estão ligados à ideia de transcendência e renascimento espiritual, com Isis ajudando na ressurreição de Osíris e Maia representando a ilusão que mantém os seres presos no ciclo de nascimento e morte. Essas semelhanças demonstram a universalidade de certos temas e símbolos encontrados em diferentes tradições mitológicas.
Um exemplo de texto hindu que aborda o conceito do véu de Maya é o "Bhagavad Gita", um importante texto da tradição védica. No capítulo 7, versículo 14, Krishna, uma das encarnações de Vishnu, diz:
"Essa minha Prakriti dividida em oito, esteja ciente, é a fonte do universo material. Esta é minha matriz, onde Eu semeio o mundo inteiro."
Neste verso, Krishna está explicando a Arjuna a natureza da Prakriti, ou matéria primordial, que é a fonte do universo material. Prakriti é frequentemente associada à Maia, a deusa da ilusão e da manifestação. Ela é descrita como tendo oito aspectos ou qualidades que formam a base do mundo fenomênico.
Esses versos do Bhagavad Gita não apenas descrevem a natureza da matéria e sua relação com o divino, mas também implicam a ideia de que a ilusão (Maya) é a força subjacente que encobre a verdade última da realidade. Assim, embora não mencione explicitamente o termo "véu de Maya", esse trecho oferece uma compreensão profunda da natureza ilusória do mundo material na filosofia hindu.
Na mitologia hindu e nos textos védicos, Maia é uma figura multifacetada. Ela é retratada como a mãe de Gautama Buda, mas também como uma deusa da ilusão, do poder criativo e da manifestação. O conceito do "véu de Maia" refere-se à ilusão que encobre a verdade última da realidade. De acordo com a filosofia hindu, o mundo material é visto como uma ilusão (maya), que nos impede de perceber a verdadeira natureza do universo. O véu de Maia é essa ilusão, que nos faz ver o mundo como separado do divino e nos mantém presos no ciclo de nascimentos e mortes (samsara).
Nos textos védicos, Maia é frequentemente associada à capacidade criativa do universo, sendo considerada uma deusa poderosa que manifesta o mundo físico a partir do divino. Assim, o véu de Maia também pode ser entendido como a energia criativa que dá origem à diversidade do mundo fenomenal.
Além disso, o véu de Maia também é explorado na filosofia advaita vedanta, onde é considerado um obstáculo para a realização da verdadeira natureza do eu (atman) como idêntica ao Brahman, o princípio supremo do universo.
Portanto, o véu de Maia representa não apenas a ilusão que nos impede de ver a realidade última, mas também a força criativa e manifestadora do universo, conforme descrito na mitologia hindu e nos textos védicos.
Na mitologia egípcia, o "véu de Ísis" está associado à deusa Ísis, uma das divindades mais importantes do panteão egípcio. Ísis era a esposa de Osíris e mãe de Hórus, e era venerada como uma deusa da maternidade, magia, cura e proteção.
O véu de Ísis simboliza o mistério e a ocultação dos segredos divinos, especialmente relacionados à vida após a morte. Segundo a mitologia egípcia, Ísis usou seu poder mágico para reunir os membros desmembrados de Osíris após sua morte e ressuscitá-lo temporariamente, permitindo assim que concebesse Hórus. Esse ato de magia e renascimento é frequentemente associado à ideia de transcendência da morte e renascimento espiritual.
Além disso, o véu de Ísis também pode representar a proteção e o cuidado maternal que ela oferece aos seus devotos. Ela é vista como uma figura compassiva que intercede em nome dos mortais diante dos deuses, oferecendo conforto e auxílio nos momentos de necessidade.
Portanto, o véu de Ísis na mitologia egípcia simboliza tanto o mistério divino quanto a proteção maternal, refletindo os aspectos complexos e multifacetados dessa deusa poderosa.
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