SEGURANÇA PARA A NAÇÃO NORTE AMERICANA SE TRADUZ EM ENERGIA

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Se não Puderem Comprar, Vão Tomar!
Sendo quatro ou sendo sete as novas bases militares americanas na Colômbia, parece bom atentar para números bem superiores e mais perigosos. Porque no mundo inteiro eram 865 os estabelecimentos castrenses que os Estados Unidos mantém fora de seu território. Aliás, agora são 872. Registre-se que por bem ou por mal, 46 países abrigam essas bases, em todos os continentes, perfazendo o total de 290 mil soldados ao preço de 250 bilhões de dólares por ano.

Some-se a esse predomínio indiscutível das forças armadas americanas no planeta a presença de sete frotas da sua Marinha de Guerra, patrulhando todos os oceanos com porta-aviões e submarinos nucleares. Para não falar, é claro, dos mísseis de todos os tamanhos e alcances, incrustados em boa parte das bases terrestres. E fora delas, também.

Até a queda do Muro de Berlim, a explicação envolvia a bipolaridade mundial, pois a extinta União Soviética dispunha, senão de igual, ao menos de razoável presença militar em países ao seu redor. Desaparecido o “perigo vermelho”, porém, faltam justificativas para a existência de tamanho poder fora de suas fronteiras. Afinal, mesmo que o complexo industrial-militar dos Estados Unidos se beneficie enormemente com encomendas sempre maiores de armas letais, 250 bilhões de dólares anuais bastariam para o presidente Barack Obama estabelecer o mais formidável sistema de saúde pública de todo o Universo, favorecendo sua população. Como isso não acontece, há que indagar porque.
Quem deu a resposta foi o Assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, general James Jones, em recente visita ao Brasil. Em demorada audiência com o ministro Edison Lobão, o gringo abriu o jogo. Reconheceu que segurança, hoje, para a nação americana, traduz-se em energia. Garantir petróleo e outras fontes energéticas transformou-se na maior preocupação e no principal objetivo de seu país. Sem combustível, que não produz mais nas quantidades necessárias ao consumo, os Estados Unidos iriam atrás da vaca, quer dizer, para o brejo. Assim, todo o aparato militar é mobilizado para sustentar o abastecimento.

O general não falou, e nem precisava, que por esses motivos os americanos invadiram o Afeganistão e o Iraque, como poderão estar a um passo de fazer o mesmo com o Irã. Fica ridículo inventar perigos e provocações inexistentes, como a existência de armas de destruição em massa ou instalações nucleares nos países cobiçados por dispor de petróleo.

Como o Brasil acaba de requerer passaporte para entrar no clubinho dos privilegiados produtores em massa, é bom tomar cuidado. Por certo que adiantará muito pouco mantermos as reservas enterradas no pré-sal. Precisamos extrair e vender, lógico que para os maiores compradores, entre os quais destacam-se os Estados Unidos. A China também, mas essa é outra história. O perigo está em nossa histórica falta de recursos e nossa natural mania de deixar para amanhã o que podemos fazer hoje. Mesmo tendo os chineses oferecido quinze bilhões de dólares, e o Eximbank, sete, para ajudar nas operações do pré-sal, a coisa pode demorar. E eles exigem pagamento em petróleo, daquele que vier a ser extraído. Se a demora causar preocupação ou acirrar necessidades prementes por parte dos Estados Unidos, explica-se a razão de tantas bases, frotas e mísseis. Se puderem obter o produto por vias comerciais, ótimo. Não podendo, tomarão…

Por que Araxá é vital para os EUA?

Cidade está na lista secreta de locais estratégicos para americanos, revela site, por deter maior reserva mundial de nióbio, minério raro usado na indústria espacial
Depois de pôr a política externa americana de cabeça para baixo, o WikiLeaks acaba de entrar em um território sensível não apenas aos EUA, mas a todo o mundo. O site revelou nada menos do que a relação de pontos situados mundo afora considerados estratégicos para o governo americano, o que poderia transformá-los em alvos de ataques terroristas. No Brasil, além das jazidas de Araxá, em Minas, estão cabos submarinos e reservas de minério de ferro e manganês.
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http://www.tvhoje.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1031:wikileaks-revela-que-araxa-e-vital-para-os-eua&catid=32:alto-e-triangulo&Itemid=47

Nióbio, o metal que só o Brasil fornece ao mundo. Uma riqueza que o povo brasileiro desconhece, e tudo fazem para que isso continue assim.
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A cada vez mais no dia-a-dia, o tema é abordado em reportagens nas mídias escrita e televisiva, chegando a já ser alarmante. Como é possível que metade da produção brasileira de nióbio seja subfaturada “oficialmente” e enviada ao exterior, configurando assim o crime de descaminho, com todas as investigações apontando de longa data, para o gabinete presidencial?

Como é possível o fato do Brasil ser o único fornecedor mundial de nióbio (98% das jazidas desse metal estão aqui), sem o qual não se fabricam turbinas, naves espaciais, aviões, mísseis, centrais elétricas e super aços; e seu preço para a venda, além de muito baixo, seja fixado pela Inglaterra, que não tem nióbio algum?

Fontes dignas de atenção indicam que o minério de nióbio bruto era comprado no garimpo a 400 reais/quilo, cerca de U$ 255,00/quilo (à taxa de câmbio atual e atualizada a inflação do dólar).
O nióbio não é comercializado nem cotado através das bolsas de mercadorias, como a London Metal Exchange, mas, sim, por transações intra-companhias.
Estima-se que seu preço real seja negociado a $90 dólares/quilo. UM VERDADEIRO ROUBO AO BRASIL E SEU POVO.

Em 1997, FHC, então presidente da república, tentou vender a jazida de nióbio de São Gabriel da Cachoeira – AM por $600 mil reais, sendo que a jazida (ela sozinha suficiente para abastecer todo o consumo mundial de nióbio por 1.400 anos) havia sido avaliada pela CPRM em $1 Trilhão de dólares!
Tal ação lesa-pátria foi impedida por um grupo de militares nacionalistas, especialmente o almirante Roberto Gama e Silva.
EUA, Europa e Japão são 100% dependentes do nióbio brasileiro. Como é possível em não havendo outro fornecedor, que nos sejam atribuídos apenas 55% dessa produção, e os 45% restantes saíndo extra-oficialmente, não sendo assim computados.
O Brasil possui 98% das jazidas de nióbio disponível no mundo, sendo o único fornecedor de 45 países dos quais os maiores importadores de ferro-nióbio são os Estados Unidos, o Canadá, a Alemanha, a Rússia, os Países Baixos, o Japão, a França, Taiwan, Venezuela, Suécia, México, Colômbia, Coréia do Sul, Arábia Saudita, África do Sul e Luxemburgo. A indústria ótica japonesa compra muito óxido de nióbio como matéria-prima usada na confecção de óculos.
Estamos perdendo cerca de 14 bilhões de dólares anuais, e vendendo o nosso nióbio na mesma proporção como se a Opep vendesse a 1 dólar o barril de petróleo. Mas petróleo existe em outras fontes, e o nióbio só no Brasil; podendo lastrear nossa moeda (Real) em nióbio e não em dólar. Não é uma descalabro alarmante?
O niobio é tão indispensável quanto o petróleo para as economias avançadas e provavelmente ainda mais do que ele. Além disso, do lado da oferta, é como se o Brasil pesasse mais do que todos os países da OPEP juntos, pois alguns importantes produtores não fazem parte dela.
Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio, como fruto de um exaustivo trabalho de pesquisa, faz uma série de denúncias em sua célebre obra “As Veias Abertas da América Latina”. Ao relatar o depoimento de um general brasileiro no Congresso Nacional, durante uma investigação a respeito de atividades clandestinas e legais perpetradas por norte-americanos, em território brasileiro: “...o general Riograndino Kruel afirmou, diante da comissão de inquérito do Congresso, que “o volume de contrabando de materiais que contém tório e urânio alcança a cifra astronômica de um milhão de toneladas”. Algum tempo antes, em setembro de 1966, Kruel, chefe da Polícia Federal, denunciara a “impertinente e sistemática interferência “de um cônsul dos Estados Unidos no processo aberto contra quatro cidadãos norte-americanos acusados de contrabando de minerais atômicos brasileiros. A seu juízo, se houvesse sido encontrado com eles quarenta toneladas de material radiativo era suficiente para condená-los Pouco depois, três dos contrabandistas fugiram misteriosamente do Brasil. O contrabando não era um fenômeno novo, embora tivesse intensificado muito.

O Brasil perde a cada ano mais de cem milhões de dólares, segundo certas estimativas, somente pela evasão clandestina de diamantes em bruto. Mas na realidade o contrabando só se faz necessário (aqui, Galeano assume, ironicamente a visão dos beneficiados com a espoliação das riquezas brasileiras) em medida relativa. As concessões legais arrancam do Brasil, comodamente, suas mais fabulosas riquezas naturais. Para citar mais um exemplo, a maior jazida de nióbio do mundo, que está em Araxá , pertence à filial da Niobium Corporation, de Nova Iorque. Do Nióbio provêm vários metais que se utilizam... em reatores nucleares, foguetes e naves espaciais, satélites ou simples jatos. A empresa também extrai, de passagem, junto com o nióbio, boas quantidades de tântalo, tório, urânio, pirocloro e terras raras de alto teor mineral.”



“A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) investiga a possibilidade de espionagem e até mesmo risco de sabotagem no programa brasileiro e ucraniano de lançamento de foguetes. Recentemente, a agência elaborou relatório reservado, ao qual a Folha teve acesso, sobre equipamentos de telemetria (que podem captar, enviar e processar dados à distância) instalados em bóias apreendidas em praias que cercam o CLA (Centro de Lançamentos de Alcântara, Maranhão), no dia 11 de outubro do ano passado. É a terceira vez que a agência encontra o mesmo tipo de aparelho nos arredores de Alcântara.
Abin
ma das bóias apreendidas perto de Alcântara;  nelas estavam equipamentos de telemetria,  que podem captar e enviar dados
Uma das bóias apreendidas perto de Alcântara; nelas estavam equipamentos de telemetria, que podem captar e enviar dados
Essas bóias são utilizadas para pesca em alto-mar, na localização de cardumes, mas têm capacidade de interferir nos codigos de navegação dos foguetes se para isso forem programadas, de acordo com a Abin. O equipamento foi submetido à análise do Instituto de Pesquisas da Marinha, no Rio.
A hipótese de que o equipamento pode ter sido utilizado para interferir nas comunicações entre os foguetes e a base de Alcântara não foi descartada.
Os técnicos do instituto também ressaltaram o fato de Alcântara estar muito distante das rotas de pesca em alto-mar. Eles trabalham agora numa perícia mais aprofundada.”
A matéria da FSP cita trechos do relatório acessado: “A agência tem monitorado o aparecimento de bóias em intervalos de dois em dois anos, nas praias do CLA. Elas são acionadas por controle remoto via satélite e têm capacidade de enviar, transmitir e medir frequência, além de possuírem espaço suficiente para abrigarem corpos estranhos; estão equipadas com bateria de longa duração e painel solar”.
“Há de se estranhar a presença dessas bóias no local porque a região não tem indústria pesqueira, não está na rota de barcos que as utilizem para tal, elas não se deslocam para muito distante de onde são colocadas e, no entanto, só são encontradas nas praias próxima ao CLA, apesar dos quilômetros de praias existentes no Maranhão”, continua o documento.
Segundo a matéria da FSP, até hoje, nenhuma empresa no Brasil ou no RESTO DO MUNDO  reclamou os equipamentos encontrados pela Abin.
“Caso isso ocorresse” referindo-se à interferência na telemetria dos foguetes, “não seriam prejudicados apenas os eventuais lançamentos a partir de Alcântara, mas também se colocaria em risco a execução de operações de rastreio de veículos espaciais estrangeiros – serviço prestado pelos centros de lançamento de Alcântara/MA e Barreira do Inferno/RN”, continua o relatório.
A matéria da FSP dá mais detalhes:
“As bóias encontradas em outubro são de dois fabricantes diferentes, um espanhol e outro japonês. O modo de transmissão de dados do primeiro é via satélite. O do segundo, por ondas VHF e/ou UHF. Agentes da Abin envolvidos na investigação ressaltam que, em casos de espionagem, é comum a adaptação de aparelhos normalmente empregados em outras finalidades para camuflar a ação clandestina.
O CLA é um dos locais em que a Abin promove um trabalho preventivo de proteção do conhecimento nacional. A agência tem adotado medidas, em conjunto com dirigentes de centros de pesquisa, empresas estatais e até mesmo em companhias privadas, para tentar impedir que tecnologias desenvolvidas no país sejam alvo de espionagem ou sabotagem.
Além das bóias de pesca, a Abin levanta suspeitas também sobre a presença de muitos estrangeiros na região do CLA, uma área pobre, com pouca atividade e infraestrutura turística. Em 2006, o Grupo de Trabalho da Amazônia, coordenado pela Abin, produziu um relatório que abordou o tema.
O documento informa que, segundo fontes da polícia estadual do Maranhão, havia 116 estrangeiros no dia 15 de maio daquele ano em Alcântara, quando membros do GTA visitaram a base de lançamentos.”
O relatório da ABIN levanta outra situação apurada:
“Não foi possível saber quais as atividades que desenvolviam, tendo em vista que não haveria atividade no Centro de Lançamentos. Os altos índices de exclusão social presentes na cidade de Alcântara deixam a comunidade que ali reside exposta e fragilizada a tentativas de aliciamento e recrutamento por parte de ONGs e agentes a serviço de países que muito teriam a perder com os sucessos dos lançamentos da Base de Alcântara”.
A matéria jornalística enfatiza a suspeita de sabotagem, tomando o imenso cuidado de não citar especificamente a explosão do Veículo Lançador de Satélites, VLS, que vitimou vinte e dois dos principais cientistas e técnicos brasileiros envolvidos no projeto:
“A Abin ainda não conseguiu esclarecer se os aparelhos instalados nas bóias estavam em operação durante lançamentos feitos da base de Alcântara.
No dia 19 de julho de 2007, por exemplo, período intermediário entre duas apreensões (2006 e 2008) dos equipamentos, o CLA lançou o foguete VSB-30. O teste foi parcialmente bem-sucedido. O foguete percorreu o trajeto estipulado e o chamado módulo útil pousou no mar, mas o equipamento não foi encontrado após o lançamento, como previsto.”
Segundo a mesma matéria, na época, o CLA informou que, “durante a queda, houve oscilações no sinal de telemetria, o que dificultou o resgate do módulo após o lançamento”.
A partir do incidente da explosão do VLS o governo Lula decidiu pela construção de uma parceria estratégica com a Ucrânia, tendo sido criada a empresa binacional brasileiro-ucraniana denominada “Alcantara Cyclone Space”, cuja presidência foi entregue ao ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, ligado aos quadros do Partido Socialista Brasileiro, PSB, da base governista. Esta empresa trabalha em dobradinha com outra empresa que agrupa os remanescentes do projeto do VLS anterior, formada em sua maior parte por oficiais militares oriundos do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, ITA, sediado em São José dos Campos, SP.
Mas a pergunta precisa ser respondida: quem teria o interesse de sabotar a busca brasileira de autonomia tecnológica? Qual é o país que tem tecnologia e estrutura voltada para tal? É bom que saibamos as respostas, pois quem tem tais atitudes não pode estar sendo sincero quando promete transferir tecnologias que irão permitir a autonomia de um país que busca ser soberano.

Wikileaks confirma objeção dos EUA a Alcântara
“EUA tentaram impedir programa brasileiro de foguetes, revela WikiLeaks
José Meirelles Passos

RIO – Ainda que o Senado brasileiro venha a ratificar o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas EUA-Brasil (TSA, na sigla em inglês), o governo dos Estados Unidos não quer que o Brasil tenha um programa próprio de produção de foguetes espaciais. Por isso, além de não apoiar o desenvolvimento desses veículos, as autoridades americanas pressionam parceiros do país nessa área – como a Ucrânia – a não transferir tecnologia do setor aos cientistas brasileiros.

A restrição dos EUA está registrada claramente em telegrama que o Departamento de Estado enviou à embaixada americana em Brasília, em janeiro de 2009 – revelado agora pelo WikiLeaks ao GLOBO. O documento contém uma resposta a um apelo feito pela embaixada da Ucrânia, no Brasil, para que os EUA reconsiderassem a sua negativa de apoiar a parceria Ucrânia-Brasil, para atividades na Base de Alcântara no Maranhão, e permitissem que firmas americanas de satélite pudessem usar aquela plataforma de lançamentos.
Além de ressaltar que o custo seria 30% mais barato, devido à localização geográfica de Alcântara, os ucranianos apresentaram uma justificativa política: “O seu principal argumento era o de que se os EUA não derem tal passo, os russos preencheriam o vácuo e se tornariam os parceiros principais do Brasil em cooperação espacial” – ressalta o telegrama que a embaixada enviara a Washington.
A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que “embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil”. Mais adiante, um alerta: “Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil”.
O Senado brasileiro se nega a ratificar o TSA, assinado entre EUA e Brasil em abril de 2000, porque as salvaguardas incluem concessão de áreas, em Alcântara, que ficariam sob controle direto e exclusivo dos EUA. Além disso, permitiriam inspeções americanas à base de lançamentos sem prévio aviso ao Brasil. Os ucranianos se ofereceram, em 2008, para convencer os senadores brasileiros a aprovarem o acordo, mas os EUA dispensaram tal ajuda.
Os EUA não permitem o lançamento de satélites americanos desde Alcântara, ou fabricados por outros países mas que contenham componentes americanos, “devido à nossa política, de longa data, de não encorajar o programa de foguetes espaciais do Brasil”, diz outro documento confidencial.
Viagem de astronauta brasileiro é ironizada
Sob o título “Pegando Carona no Espaço”, um outro telegrama descreve com menosprezo o voo do primeiro astronauta brasileiro, Marcos Cesar Pontes, à Estação Espacial Internacional levado por uma nave russa ao preço de US$ 10,5 milhões – enquanto um cientista americano, Gregory Olsen, pagara à Rússia US$ 20 milhões por uma viagem idêntica.
A embaixada definiu o voo de Pontes como um gesto da Rússia, no sentido de obter em troca a possibilidade de lançar satélites desde Alcântara. E, também, como uma jogada política visando a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Num ano eleitoral, em que o presidente Lula sob e desce nas pesquisas, não é difícil imaginar a quem esse golpe publicitário deve beneficiar.
Essa pode ser a palavra final numa missão que, no final das contas, pode ser, meramente ‘um pequeno passo’ para o Brasil” – diz o comentário da embaixada dos EUA, numa alusão jocosa à célebre frase de Neil Armstrong, o primeiro astronauta a pisar na Lua, dizendo que seu feito se tratava de um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade.
FONTE:

http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/01/25/eua-tentaram-impedir-programa-brasileiro-de-foguetes-revela-wikileaks-923601726.asp

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.O terceiro protótipo do Veículo Lançador de Satélites (VLS) , explodiu na rampa de lançamento e matou 21 pessoas.

Todos os mortos eram técnicos civis do Centro de Tecnologia da Aeronáutica.

No total, cerca de 700 pessoas trabalhavam na operação de lançamento do VLS-1, entro de Lançamento.
De acordo com o Comando da Aeronáutica, o acidente aconteceu às 13h30.

Primeiro país da América Latina a lançar foguete
Com o lançamento, o Brasil se tornaria o primeiro país da América Latina a enviar um foguete de fabricação própria para o espaço a partir de uma base construída perto da linha do Equador e planejada décadas atrás, durante o regime militar. A base de lançamento de Alcântara, no Maranhão, e seus cerca de 800 cientistas e militares corriam contra o relógio para concluir a montagem do foguete de 20 metros de altura.

O governo militar planejou, originalmente, levar o país à corrida espacial nos anos 1970. O primeiro passo foi a desapropriação de um terreno de 62 mil hectares nas proximidades da cidade de Alcântara, onde foram construídas as instalações de lançamento.
Até agora, no entanto, os cientistas e militares brasileiros não conseguiram realizar seu sonho, quase 25 anos e centenas de milhões de dólares depois. Em 1997 e em 1999, os foguetes lançados se destruíram pouco depois da decolagem devido a problemas técnicos.
Desta vez, porém, na base de Alcântara, havia uma determinação renovada para garantir o sucesso da empreitada. Ribeiro, que trabalha vestido com uniforme militar e dirigiu as tentativas de lançamento de 1997 e 1999, se dizia confiante no fato de os problemas anteriores terem sido resolvidos. O major-brigadeiro não convidaria repórteres para acompanhar o lançamento.
Veículo de lançamento de satélite
Os funcionários do laboratório de Alcântara deram início à montagem do foguete (Veículo de Lançamento de Satélite, VLS) de US$ 6,5 milhões no dia 1º de julho, quando começaram a chegar os componentes enviados de São Paulo.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) montou dois pequenos satélites, que carregam equipamentos de posicionamento, um transmissor para comunicações e uma bateria.
Os satélites, guardados juntos em um compartimento, seriam lançados em uma órbita baixa da Terra (cerca de 750 quilômetros acima da superfície), menos de oito minutos depois do lançamento e quando o último estágio do foguete fosse descartado.
O sucesso do lançamento significaria uma grande vitória para o Brasil. Conforme autoridades, a base de Alcântara tem potencial para se tornar um dos maiores centros de lançamento de satélite do mundo.
A base é a mais próxima da linha do Equador já construída, o que permite aos foguetes levar menos combustível e cargas mais pesadas, já que se aproveitam das forças centrífugas do planeta. Em julho, o governo brasileiro assinou um acordo com a Ucrânia, prevendo que Alcântara será a base de lançamento dos foguetes Cyclone.

"Por razões de segurança, toda a investigação está sendo mantida em absoluto sigilo. A hipótese de sabotagem foi considerada remota, mas não inteiramente descarta pelo Ministro da Defesa, José Viegas."

"Investigações posteriores concluíram que a explosão, que consumiu as cerca de 40 toneladas de combustível sólido do foguete, foi causada pela ignição prematura de um dos motores do foguete, deflagrada por uma centelha elétrica."



O que poucos Sabem
É que este José Viegas era e é um embaixador. Ficou em 03/04 ( somente estes anos ) no Ministério de Defesa.
Na época se envolveu pessoalmente na avaliação do " acidente ".
Embaixador em ministério de defesa, aham...
O motivo da saida foi ridiculo também , este homem não tem perfil nem cartel para ser ligado a segurança/defesa.
Mas fazer o que .... que fique na Italia .


ESTE VIDEO http://www.youtube.com/watch?v=JGCfMMLzI90&feature=player_embedded

Noticia da época
Os coronéis reformados Frederico Soares Castanho e Roberto Monteiro de Oliveira, membros da Associação dos Militares em Reserva do Paraná (Asmir-PR), apontam indícios veementes de sabotagem na explosão do Veículo Lançador de Satélites (VLS-1) no último dia 22 de agosto, no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).
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Essa hipótese é levantada cada vez mais por especialistas, militares e políticos.
Militares expõem “indícios veementes” de sabotagem ao VLS
Os coronéis reformados Frederico Soares Castanho e Roberto Monteiro de Oliveira, membros da Associação dos Militares em Reserva do Paraná (Asmir-PR), apontam indícios veementes de sabotagem na explosão do Veículo Lançador de Satélites (VLS-1) no último dia 22 de agosto, no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).
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Essa hipótese é levantada cada vez mais por especialistas, militares e políticos.
Já no mês de março os coronéis apresentaram documento em que apontavam “indícios veementes de sabotagem nos fracassos dos lançamentos dos protótipos VLS-V01 e V02”, ocorridos em 1997 e 1999, com a suspeita de ser o governo dos Estados Unidos o principal suspeito pelas falhas dos dois primeiros protótipos do VLS.
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O primeiro lançamento aconteceu em 2 de novembro de 1997, com o objetivo de pôr em órbita um satélite de sensoriamento remoto do INPE e o segundo em 11 de dezembro de 1999, que colocaria em órbita o satélite Saci-2, também do INPE. As denúncias foram publicadas em artigo do jornal “O Imparcial”, do Maranhão.
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Significativamente, a empresa privada norte-americana que foi contratada para fazer o revestimento no primeiro protótipo do VLS segurou o máximo a entrega.
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Continua: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2003/09/262569.shtml

Parte de outra matéria
Atualmente, a base de Alcântara é considerada o melhor espaçoporto do mundo em localização geográfica. Por estar próxima à linha do Equador, permite uma economia de até 30% de combustível nos foguetes. Na prática, isso significa gastar menos ou poder mandar para o espaço cargas mais pesadas. Como os Estados Unidos são os donos da maior parte do lucrativo mercado de lançamento de satélites comerciais, eles tentaram, em 2001, fechar um acordo para “alugar” a base brasileira para seus lançamentos. Mas havia vários detalhes importantes no acordo de salvaguardas tecnológicas proposto. Um deles determinava que nenhum brasileiro poderia fazer inspeções no que estivesse sendo trazido dos Estados Unidos para Alcântara. A proposta gerou muitos debates no Congresso e foi engavetada como violação da soberania nacional.

Menos de uma semana após a explosão em Alcântara, a tese de sabotagem tomou vulto em duas notinhas da coluna do jornalista Cláudio Humberto – publicada em vários jornais do país. No dia 27 de agosto, foi citado Ronaldo Schlichting, pesquisador da corrida espacial e perito em armas. Dizia a nota: “Schlichting sugere bala do fuzil Barret .50, que alcança 3 quilômetros, como possível ‘impacto de objeto no foguete’”. No dia seguinte, outra referência à sabotagem, desta vez nas palavras de um professor do Centro Tecnológico da Aeronáutica. “O cientista Edison Bittencourt nega ‘ignição espontânea’ num dos quatro motores do foguete que explodiu em Alcântara. Sugere onda eletromagnética disparada do espaço ou de pequeno dispositivo, inserido no motor e controlado a distância”, escreveu o colunista.

Link: http://super.abril.com.br/ciencia/sabotagem-tio-sam-446333.shtml


Referências

http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2011/01/25/eua-tentaram-impedir-programa-brasileiro-de-foguetes-revela-wikileaks-923601726.asp

http://www.metro.org.br/jose_alves/os-cacas-militares-e-as-boias-de-alcantara





A NSA MONITORA AS COMUNICAÇÕES DO BRASIL, ÍNDIA, RUSSIA, CHINA


LUIZ ALBERTO MONIZ BANDEIRA


A NSA “monitora não só [as comunicações] do Brasil como também da Índia, potências que formam com a Rússia e China um grupo a que os Estados Unidos não pode se submeter nem controlar. E isso Washington, seja sob o governo de George W. Bush ou de Barak Obama, não aceita. Essa é a avaliação de Luiz Alberto de Vianna Moniz Moniz Bandeira, doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo e professor titular de História da Política Exterior do Brasil no Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB).
Moniz Moniz Bandeira, que ganhou o Troféu Juca Pato de Intelectual do Ano em 2005, por sua obra Formação do Império Americano, destaca um aspecto da espionagem que se relaciona com a política externa dos EUA o fato de o país ter aperfeiçoado vários tipos de operações de guerra psicológica e paramilitares. “Elas jamais deveriam ser atribuídas à CIA ou ao governo dos Estados Unidos, e sim a outras pessoas ou organizações.
A técnica consistia essencialmente na ‘penetration’ em buscar aliados na oposição interna e nos meios militares, cooptá-los e financiá-los, visando a influenciar, por meios encobertos, sua política doméstica e sua política exterior”, explica.
Confira a íntegra da entrevista, concedida por e-mail, abaixo.
Fórum – Quando a espionagem ganhou maior importância para os EUA como um dos pilares da sua lógica de defesa e expansão imperialista?
Moniz Bandeira – O conhecimento do inimigo, da configuração do terreno e do tempo, bem como de outros fatores, sempre foi fundamental em todas as guerras, conforme ensinou o famoso general e estrategista chinês Sūnzǐ, conhecido como Sun Tzu (544 a.C). A espionagem, portanto, constitui um elemento essencial na história dos Estados Unidos, um país que em 235 anos de existência, desde a sua fundação, em 1776, esteve envolvido em 214 anos de guerra, com apenas 25 de paz. Durante a guerra da Independência (1775–1783), George Washington, em carta datada de 26 de julho de 1977, escreveu sobre a necessidade e urgência de coletar boa inteligência. Consta que seu primeiro espião profissional foi Thomas W. Knowlton (1740 –1776), que serviu como coronel dos rangers na Revolução Americana, com a tarefa de coletar inteligência. Morreu na batalha Harlem Heights (1776).
Com o desenvolvimento da tecnologia, os Estados Unidos, antes da II Guerra Mundial, estabeleceram eficiente sistema de captação e decifração de códigos, o Signal Intelligence Service (SIS), da Marinha, que executou a operação Magic. Em 1940, interceptou as mensagens de Tóquio e, quebrando e decifrando e código Purple, soube que o Japão começaria a guerra nos primeiros dias de dezembro de 1941. Diversas mensagens interceptadas pelo SIS e decodificadas pela Magic, nos dias 3, 4 e 5 de dezembro, indicaram inequivocamente o interesse do Japão na esquadra americana estacionada em Pearl Harbor. Não se obteve informação conclusiva de que o Japão atacaria Pearl Harbor em 7 de dezembro, mas havia indicações seguras de que algo significativo ocorreria, naquele dia, em torno das 13 horas de Washington, ou seja, em torno das 7h30 do Havaí. O ataque a essa base naval, portanto, não surpreendeu Washington. Mostro o que aconteceu no meu livro Formação do Império Americano.
Fórum – E depois?
Moniz Bandeira – Após o começo da Segunda Guerra Mundial, o presidente Franklin D. Roosevelt, em 13 de junho de 1942, criou o Office of Strategic Services (OSS) com o objetivo não apenas de coletar e analisar informações estratégicas, requeridas pelo Estado Maior Conjunto, mas também de realizar operações encobertas por trás do front inimigo, isto é, na Europa e na Ásia. Mas as atividades de inteligência na América Latina ainda continuaram com o FBI, enquanto o Exército e a Marinha reservavam suas áreas de responsabilidade. Agentes do OSS, em 1943, foram encarregados de treinar as tropas do Komintang na China e Burma, onde integrantes do Detachment 101 recrutaram os Kachins, tártaros ainda em estado selvagem, para a guerra contra o Japão.
Fórum – Quando a CIA foi criada? Moniz Bandeira – A CIA foi criada, em 1947 pelo governo do presidente Harry Truman, como sucessora do Office of Strategic Services (OSS), e também não se dedicou somente à coleta de inteligência. Ela desenvolveu principalmente a técnica da subversão, por meio de covert atctions, como instrumento de política exterior dos Estados Unidos. Aperfeiçoou vários tipos de operações de guerra psicológica e paramilitares. Elas jamais deveriam ser atribuídas à CIA ou ao governo dos Estados Unidos, e sim a outras pessoas ou organizações. A técnica consistia essencialmente na “penetration”, em buscar aliados na oposição interna e nos meios militares, cooptá-los e financiá-los, visando a influenciar, por meios encobertos, sua política doméstica e sua política exterior. A regra mais importante na sua execução era a possibilidade de “plausible denial”, ou seja, negar convincentemente a responsabilidade e a cumplicidade dos Estados Unidos com o golpe de Estado, ou qualquer operação terrorista, a fim de evitar consequências no campo diplomático. A plausible deniability, usada para evitar que acusassem os Estados Unidos de intromissão nos assuntos internos de outros países, tornou-se uma característica essencial de sua diplomacia, confirmando in fragantio que os alemães consideravam a Heuchelei (hipocrisia) nas virtudes americanas.
Fórum – A hipocrisia é uma constante na política exterior dos Estados Unidos? Moniz Bandeira – Sim. Haja visto a questão das armas químicas, armada como pretexto para invadir a Síria e promover a mudança do regime. Durante a guerra no Vietnã, os Estados Unidos empreenderam e ampliaram a guerra química e bacteriológica, iniciada com a Operation Ranch Hand, depois denominada Research and Development (RD), em 1961, quando dois aviões C-123 realizaram seis sortidas, espargindo um total de 50 mil galões de herbicida e desfolhantes químicos no Vietnã do Sul. Essas substâncias químicas para defoliation não apenas destruíam a folhagem das árvores, a vegetação, o solo e o meio ambiente como causavam envenenamento da população . Também não se pode esquecer as terríveis bombas da napalm lançadas, entre 1965 e 1972, no Vitenã e Camboja pela Força Aérea dos Estados Unidos. Essa substância – napalm – é a mistura de plástico polistireno, benzina e gasolina, formando uma espécie de geleia, que, quando acendida, ferve até 212°F e eleva a a temperatura de 1.500°F a 2.200°F, afixada no corpo da vítima. O Agente Laranja foi outra arma química usada pelos Estados Unidos, a qual, segundo a Cruz Vermelha do Vietnã, causou 4,8 milhões de mortes e o nascimento de cerca de 400 mil crianças com defeitos.
Fórum – Que tipo de papel a CIA passou a ter, com a sua criação, para os interesses dos EUA no exterior? Moniz Bandeira – A diretriz NSC 10/2, de 18 de junho de 1948, ampliou atividades clandestinas da CIA, além de promover covert action e guerra psicológica, e a incumbiu de realizar propaganda, guerra econômica, ações preventivas diretas, incluindo sabotagem, demolição, medidas de evacuação, subversão contra governos hostis, inclusive assistência aos movimentos de resistência, guerrilhas, bem como apoio aos elementos anticomunistas nos países do “Mundo LIvre”. Assim, nos anos subsequentes, os Estados Unidos construíram gigantesca máquina de inteligência e de guerra. A “segurança nacional” tornou-se a justificativa para imensos gastos com defesa, operações encobertas, e a CIA converteu-se mais e mais em uma força paramilitar, além de suas funções de espionagem e coleta de inteligência. Durante a Guerra Fria, ela e o Pentágono adquiriram enorme relevância, quiçá maior do que o Departamento de Estado, na política exterior dos Estados Unidos. Encorajou e patrocinou tanto golpes militares quanto assassinatos, sabotagens e as mais diversas atividades terroristas, visando à mudança de governos (regime change) e à consecução dos objetivos táticos e estratégicos dos Estados Unidos. Em 1963, o ex-presidente Harry Truman, que a criara, percebeu que a CIA se tornara um monstro, “a policy-making arm of the Government”[um braço de elaboração de políticas do governo], não escondeu que ficava perturbado ao ver que ela se tornara “a symbol of sinister and mysterious foreign intrigue – and a subject for cold war enemy propaganda” [um símbolo da sinistra e misteriosa intriga estrangeira – e um tema para a propaganda inimiga na Guerra Fria], e declarou que nunca havia pensado que ela seria injetada “into peacetime cloak and dagger operations” [em operações secretas e covardes em tempos de paz].
Fórum – Após o término da Guerra Fria, um dos principais argumentos para a espionagem norte-americana acabou esvaziado. Como se justificou a manutenção de um orçamento quase que ilimitado para seu serviço de inteligência e espionagem? Moniz Bandeira – Os Estados Unidos, no governo do presidente Jimmy Carter (1977-1981), encorajaram o ressurgimento do fundamentalismo islâmico, com o objetivo de desestabilizar a União Soviética a partir das Repúblicas muçulmanas da Ásia Central, e formar um green belt, um cinturão islâmico, com a colaboração do Paquistão e da Arábia Saudita, para promover aJihad [guerra santa] contra os “comunistas ateus” no Afeganistão. E o terrorismo entrou na agenda do presidente Ronald Rea­gan (1981-1989) como a nova ameaça a enfrentar. A questão, entretanto, não era nova. Nas décadas de 1960 e 1970, tanto a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) quanto a Frente de Libertação Nacional (FLN), da Argélia, e a Frente de Libertação da Eritreia (FLE) recorreram a esse método de luta, sem que se configurasse ameaça internacional.
Foram a CIA e o Inter-Services Intelligence (ISI) do Paquistão e o Ri’āsat Al-Istikhbārāt Al-’Āmah, serviço de inteligência da Arábia Saudita, que institucionalizaram o terrorismo em larga escala, com o estabelecimento de campos de treinamento no Afeganistão, a fim de combater as tropas da União Soviética (1979-1989), fornecendo aos mujahidin [aquele que se empenha na luta ou “guerreiro santo”] toda sorte de recursos e sofisticados petrechos bélicos – de 300 a 500 mísseis antiaéreos Stinger, dos Estados Unidos. O próprio general Pervez Musharraf, ex-ditador do Paquistão, confessou em suas memórias que os Estados Unidos, o Paquistão e a Arábia Saudita foram os que se aliaram na Jihad do Afeganistão e criaram “our own Frankenstein’s monster”. A CIA forneceu em torno de US$ 3,3 bilhões, dos quais pelos menos a metade proveio do governo da Arábia Saudita. Os EUA necessitam sempre criar ameaças, a fim de justificar a demanda de novos armamentos, de alimentar com recursos financeiros o complexo industrial-militar, sustentáculo de sua economia. Nos últimos anos, nenhum setor econômico cresceu tanto quanto a indústria de armamentos, daí o afã doentio pelas guerras, não apenas do presidente George W. Bush, mas também do Prêmio Nobel da Paz, o presidente Barack Obama, cujos gastos militares, da ordem de US$ 685,3 bilhões em 2012, ainda foram 69% mais altos em termos reais do que em 2001, quando começou a “war on terror”, no Afeganistão, e em 2013, com a invasão do Iraque.
Fórum – Empresas dos Estados Unidos? Moniz Bandeira – Sim. Das cem maiores empresas de armamentos e equipamentos bélicos que mais ganharam com os gastos de guerra, segundo o Instituto de Investigação da Paz, de Estocolmo (Sipri), 47 são dos Estados Unidos. Elas monopolizaram 60% das vendas totais de armamento produzido pelas cem maiores, e daí a correlação entre o gasto militar e engravescimento da dívida pública dos Estados Unidos.
Fórum – Qual o papel da NSA?
Moniz Bandeira – Por volta de 1924, com o progresso tecnológico, a Marinha dos Estados estabeleceu postos de communications intelligence [COMINT], e electronic intelligence [ELINT] entre a China e Oahu, no arquipélago de Havai, para a captação das comunicações eletrônicas do Japão. Esse sistema desenvolveu-se e estendeu-se entre as duas guerras mundiais. E a National Security Agency foi formalmente instituída, em memorândum do presidente Harry Truman, em 24 de outubro de 1952, substituindo a Armed Forces Security Agency (AFSA), criada em maio de 1949, no âmbito do Ministério da Defesa. A Guerra Fria estava no auge e, ao contrário da CIA e da DIA (Defense Intelligence Agency), do Exército, agências encarragadas de humint(human intelligence), a função da NSA, também na jurisdição, era a de Sigint, isto é, a de captar e decifrar comunicações eletrônicas e de inteligência e reparti-las com o Departamento de Estado, a CIA e o FBI. Desde o fim dos anos 1960, porém, a coleta de inteligência econômica e informações sobre o desenvolvimento científico e tecnológico dos demais países tornou-se crescentemente um dos mais importantes objetivos da Comint , operado pela National Security Agency (NSA), dos Estados Unidos, e pelo Government Communications Headquarters (GCHQ), da Grã-Bretanha, que em 1948 haviam firmado um pacto secreto, conhecido como UKUSA (UK-USA) – Signals Intelligence (Sigint), formando um pool para interceptação de mensagens da União Soviética e demais países do Bloco Socialista.
Fórum – E por que a NSA monitora as comunicacões de outros países? Moniz Bandeira – Monitora não só do Brasil como também da Índia, potências que formam com a Rússia e China um grupo a que os Estados Unidos não podem submeter nem controlar. E isso Washington, seja sob o governo de George W. Bush ou de Barak Obama, não aceita. Conforme estabelecido, em 1992, o general Colin Powell, então chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, a dimensão estratégica dos Estados Unidos, com a dissolução da União Soviética, devia ser a full-fledged dominance, de modo a preservar sua “credible capability” de enfrentar qualquer potencial adversário que viesse a competir militarmente e, implicitamente, no mercado mundial. De fato, entretanto, os Estados Unidos sempre perceberam como adversário qualquer país que não obedecesse às suas diretrizes. E o Brasil voltou a inserir-se em tal categoria, desde que retomou uma política soberana e começou a projetar-se não só como potência econômica, mas também começando a projetar-se politicamente além da esfera regional.
Fórum – Que significa a full-fledged dominance? Moniz Bandeira – A full-fledged dominance implica, virtualmente, o fim da pluralidade dos Estados nacionais, tanto no Oriente como no Ocidente, e a consolidação do princípio de que a soberania nacional é contingente e condicional, não o privilégio de qualquer Estado. Isso significa que o Império Americano pretende legitimar o monopólio da violência organizada, acabar com a ONU, uma  vez que, com o poder de veto, a Rússia e a China se opõemmuitas vezes aos seus desígnios, como no caso da Síria, e assumir um poder incapaz de respeitar a vida humana, resultante de uma cultura trágica, formada ao longo de mais de dois séculos de guerras, isto é, de 214 anos de conflitos bélicos de high e low-intensity (apenas 21 de paz). No discurso pronunciado na abertura da 68a Assembleia Geral da ONU, o presidente Obama, evidenciando a mentalidade totalitária de que está imbuído, declarou que, se o Conselho de Segurança não fosse capaz de concordar com uma resolução, ameaçando a Síria, caso não abandonasse seu arsenal químico (o que o presidente Bashar al-Assad começou a fazer), mostraria que a ONU é incapaz de fazer valer as mais básicas leis internacionais. O presidente George W. Bush obedeceu à ONU quando invadiu o Iraque em 2003? O presidente Barak Obama respeitou a Resolução do Conselho de Segurança quando levou a Otan a bombardear a Líbia? Não. E, no mesmo discurso, insistiu na doutrina de que os Estados Unidos desempenham um papel “excepcional” e que, se deixassem de fazê-lo, criaria um “vácuo de liderança, que nenhuma outra nação estaria pronta para preenchê-lo”. Não seria exagero comparar essa crença no “excepcionalismo” dos Estados Unidos, como “nação indispensável”, com a teoria da raça superior que Adolf Hitler defendeu para os alemães. F
FONTES
Por LUIZ ALBERTO MONIZ BANDEIRA

Luiz Alberto Moniz Bandeira é doutor em ciência política, professor titular de História da Política Exterior do Brasil, na Universidade de Brasília (aposentado) , e autor de mais de vinte obras, entre as quais O Governo João Goulart: As lutas sociais no Brasil (1961-1964), cuja 7ª. Edição revista e ampliada, lançada pela Editora Revan em 2001, Brasil, Argentina e Estados Unidos: Conflito e integração na América do Sul (Da Tríplice Aliança ao Mercosul), e De Marti a Fidel: a revolução cubana e a América Latina.

Edição 127 da revista Fórum.
Foto de capa: http://www.flickr.com/photos/soldiersmediacenter/

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