A DESTRUIÇÃO DO TEMPLO DE JERUSALEM










Tudo começou depois da destruição do Templo de Jerusalém pelo exercito do imperador romano Tito,no ano 70 de nossa era, forçados pelas autoridades romanas a não fazer mais política, sábios como Yochanan ben Zakai e Akiva ben Joseph obtiveram autorização para deixar a cidade em chamas e fundar uma escola em Jâmnia, com o objetivo de registrar em livros tudo aquilo que os judeus conheciam de sua história. Um verdadeiro trabalho de pesquisa foi então empreendido, recorrendo a memórias de pessoas, bem como as comunidades e bibliotecas dos paises vizinhos. Em primeiro lugar, que Moises tinha recebido de Deus, sobre o Monte Sinai, não somente a lei escrita (a Tora, ou ensinamento) mas também a lei oral (o talmude ou estudo) e os comentários esotéricos relativos aquela lei. Do hebraico gabbala (recebimento, transmissão, tradição), a cabala é portanto este ultimo conjunto de observações. Até o século II, os comentários esotéricos não eram escritos porque os sábios acreditavam que reproduzi-los engessaria o conhecimento.
Em principio reservada a alguns eruditos de mais de 40 anos, casados e no mínimo pais de dois filhos, a cabala questiona infinitamente o papel da vontade e da direção divinas da criação do Mundo, assim como o do homem e a obra de ‘reparação’ que lhe cabe. Esse ensinamento explica o porque do universo, bem como seu funcionamento.

O Zohar opera segundo dois grandes princípios: A Tora fala de coisas do [aqui]embaixo,mas se refere, na realidade, ás coisas do alto’ além do sentido literal do texto, cada palavra possui um sentido oculto (sod)esotérico, que cumpre desvendar. Os cabalistas afirmam que a verdade não pode ser expressa pelas palavras, que denotam simplesmente o que os sentidos humanos e o intelecto captam. Entretanto o Tora foi escrito em palavras. Assim afirmam os cabalistas, este texto deve ter forçosamente a Verdade Divina. Então como fazer pra descobri-la?

Tentando ultrapassar o que seria o primeiro sentido da leitura, partindo para interpretações secundarias. Para tanto, eles baseiam em uma das especificidades da língua hebraica, em que cada letra corresponde a um algarismo. Dessa forma,pode –se calcular o valor numérico de uma palavra e aproximar palavras de mesmo valor, o que abre perspectivas apaixonantes. Por estas técnicas de permanente renovação de sentido, os cabalistas descobrem significados escondidos e infinitos na Bíblia. Assim eles entrem em contato com a Fonte, o infinito(ain sof) e o espírito divino que inspirou o Tora, sua materialização. Para os cabalistas, o Deus oculto-aquele que não concebível pelo espírito humano-tem o nme de Ain Sof. Em contrapartida, Deus se manifesta por emanações, os dez efrot, e os cabalistas procuram penetrar os segredos de seus mandamentos.Querem conhecer a sua origem e significado. Atêm-se ao ‘porquê’, pesquisam também as vias que permitem um contato direto com a divindade. O conhecimento do mundo divino é a chave de toda a abordagem para eles. Dessa forma a cabala tende a ‘desocultar o oculto’e não mantê-lo: os mistérios são feitos para serem penetrados. Segundo a mística judaica, não existe, portanto nada que não possa ser descoberto pelo homem. Isso é possível? ‘sim’ responde um rabino que prefere se manter anônimo ‘pois essa doutrina tudo esta interligado, do mais alto ao mais baixo, do mais rarefeito ao mais denso. Se houver uma separação, um curto-circuito, então ocorre a desordem, a desorganização e desarmonia’ Assim, a cabala é uma doutrina de troca, na qual o homem e ao mesmo tempo receptáculo e transmissor. A troca se harmoniza, se estende, aprofunda mais e mais adiante, mais e mais alto e mais baixo. A inteligência cósmica se encarna nele, até se identificar com ele. São essas, de modo muito resumido as grandes linhas da Cabala.

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